Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 6º Volume | Page 50

Para melhor compreensão deste trecho, Pereira e Scapin (2015) articularão que num primeiro momento, a criança teria uma relação dual com a mãe, o que resultaria em ela ser o desejo do desejo da mãe e posteriormente, o desejo de ser o objeto de desejo da mãe, onde a levaria a identificar-se com o falo, num processo de ser tudo para o outro.

Haveria então certa imaturidade frente ao Eu que se prorroga desde a primeira separação da mãe em situação de nascimento. A incapacidade de superar esta perda de amor pode tornar a pessoa como nunca suficientemente independente do amor de outras pessoas, levando-a a adotar um comportamento infantil. (Freud, 1930-1936/ 2010)

Em casos favoráveis, surgiria o terceiro da relação edipiana, que seria o pai imaginário e quem de fato propõe a castração, tirando da criança esse papel dual entre a mãe e ela, por isso, a criança entra num impasse quando este terceiro aparece, pois indica que ela não é o falo e a mãe é incompleta, portanto também não possui o falo, de forma a pensar que o falo estaria neste pai que a mãe deseja. Isso resultaria numa posição neurótica na qual a criança aceitaria a lei de proibição de que ela não pode ser tudo para a mãe, o que acarretaria em lidar com esta frustração e proporcionaria o reconhecimento de sua distinção enquanto sujeito. (Pereira & Scapin, 2015).

Para explicar o papel do pai, Fiorini (2014), irá nomeá-lo como “função terceira”, pois identificará os papeis parentais como simbólicos, de forma que a mãe também poderia exercer esta função de alteridade do filho.

A Falta e a Insatisfação: Defendendo que a neurose se desenvolve a partir da angústia gerada pela castração, Simões (2007) irá relatar que haveria então um ideal de perfeição a ser alcançado pela pessoa histérica que na verdade não pode ser realizado, de forma a permanecer o desejo como algo insatisfeito.

PATHOS / V. 06, n.04, 2018 49

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