Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 6º Volume | Page 42

Considerações Finais

Por fim, creio que seja válido recordar uma frase dita algumas vezes por uma professora no decorrer da graduação, que me marcou de forma singular: “O cobertor é sempre curto”, dizia ela. E de fato o é. O avanço da teoria psicanalítica é sempre contestado pelo que vemos na clínica. E o deve ser. Novas configurações familiares, novas estruturas, novas dialéticas levam-nos a repensar o status quo, quer seja se tratando de sociedade, quer seja de manejo clínico.

O meu manejo passou por mudanças, enfrentei dificuldades quanto à trabalhar essas múmias, na fala do paciente. Ele as trazia em quase todas as sessões, e se tornou por vezes a temática central do atendimento, e sempre fez questão eu usá-las na transferência para implicá-lo no tratamento.

.É inegável a dificuldade de atender o caso de Lucas, em especial por ser a primeira criança que atendo, no entanto, há um outro lado que devemos olhar: o quanto aprendi com isso. Me questionei por vezes se o que fazia ia na direção da cura, afinal o desejo do analista é que o analisando se analise, já dizia Lacan. Mas voltei aos eixos, com a ajuda da análise pessoal, e da professora-supervisora (a quem agradeço enormemente), e acredito que a constituição de Lucas pôde ser auxiliado pela análise

PATHOS / V. 06, n.04, 2018 41

Σ