Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 6º Volume | Page 35

INTRODUÇÃO

“O sintoma vem no lugar de uma fala

que falta”(Mannoni, 1999, p. 48).

A psicose infantil é um tema que interroga constantemente o saber e o fazer do psicanalista de uma maneira singular. Isso é multiplicado quando se atende um caso dessa natureza no início da prática clínica. O paciente de que falo é a primeira criança que atendo em Psicoterapia. Me propus ao desafio e ele veio ao meu encontro.

A formulação de uma hipótese diagnóstica que indica uma estrutura psicótica na infância é algo que requer uma atenção especial do analista.

Tratarei nas próximas páginas o atendimento à uma criança de quatro anos que foi trazida por seus pais à uma Clínica-Escola, de uma universidade particular da capital paulista.

O tratamento dura até o momento, nove meses. Nomearei o paciente e seus pais, Lucas, Fabiana e Gabriel respectivamente.

O modelo deste estudo será conduzido em caráter de Ensaio Metapsicológico, conforme concebido pelo psicanalista francês Pierre Fedida, citado por Fachinetto (2013).

Apresentação do caso

Lucas fora trazido por seus pais quando tinha três anos. Seus pais buscaram atendimento alegando que seu filho apresentava comportamentos agressivos, como jogar os brinquedos pela casa.

Os primeiros três meses de atendimento foram conduzidas sessões com os pais, buscando entender a demanda, concomitantemente à sessões com o paciente. Nesse tempo eu fiquei responsável pelos atendimentos à Fabiana e Gabriel, e uma estagiária conduziu sessões com Lucas.

Da história de vida do paciente farei alguns recortes que podem nos ajudar a pensar o caso. Durante o parto de Lucas, houve uma complicação e o bebê engoliu líquido amniótico. Os pais afirmavam ter desejado a criança, e que ela viera em um momento onde se estabilizaram financeiramente.

Um caso relatado logo nos primeiros atendimentos, é o do AVC de seu avô materno. Segundo o relato, o derrame o debilitou fisicamente, ao ponto de ter que ser utilizada a cadeira de rodas para movimentação. A queixa de agressividade relatada pelos pais coincide com esse ocorrido.

PATHOS / V. 06, n.04, 2018 34

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