Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 6º Volume | Page 19

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo abordar um caso clínico, refletindo sobre a constituição do sujeito na estrutura psicótica, de acordo com a concepção psicanalítica de Jacques Lacan. O presente texto teve sua origem em um caso clínico atendido em um leito psiquiátrico de Hospital Geral na cidade de São Paulo.

O caso aqui apresentado foi chamado de “Apolo”. Essa conhecida divindade da mitologia grega, considerado deus das doenças e da cura, pôde nos oferecer o seguinte questionamento: O que acontece nos primórdios da formação psíquica de um sujeito na constituição de uma psicose?

A psicose, de acordo com a concepção psicanalítica, é concebida como uma estrutura clínica cuja característica central, abordada neste trabalho, é a da foraclusão do Nome-do-Pai, como uma forma de constituição psíquica decorrente dos três tempos do Édipo. A foraclusão do Nome-do-Pai, conforme abordaremos mais detalhadamente, trata-se da não inscrição do significante paterno na estruturação psíquica do sujeito. Além disso, como poderemos igualmente acompanhar, esses referidos tempos abordam uma lógica diferente da temporalidade de Chronos, deus do tempo cronológico. Ao contrário, no tempo lógico, celebra-se a lógica do inconsciente que desconhece esse “outro” tempo (Moretto, 2001). Este trabalho propôs fazer uso do seguinte recorte - refletir, tendo em vista o caso de Apolo, sobre a estrutura da psicose e sua relação com os três tempos do Édipo e a noção de foraclusão do Nome-do-Pai.

O roteiro deste trabalho partiu do relato do caso para, em seguida, trazer os conceitos pretendidos para abordarmos a psicose na psicanálise (foraclusão do Nome-do-Pai e a constituição psíquica por meio dos três tempos do Édipo). Ao final, o trabalho apresentou uma elaboração por meio dos conceitos trazidos por meio de autores de orientação lacaniana e do caso apresentado.

PATHOS / V. 06, n.04, 2018 18

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