Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 38

PATHOS / V. 05, n.03, 2017 37

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Teoria do amadurecimento humano

Fortemente influenciada pelas postulações ambientalistas do darwinismo, toda a teoria de D. W. Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, se orienta no sentido de entender quais seriam as condições ambientais necessárias ao desenvolvimento psíquico do ser humano. Assim, dadas as condições favoráveis, o desenvolvimento emocional ocorreria espontaneamente por força de uma tendência inata (Klatau & Salem, 2009).

No início a dependência do bebê pelo ambiente é absoluta, e é graças ao cuidado contínuo e dedicado exercido pela mãe que ele pode gradativamente experienciar uma continuidade de ser no espaço e no tempo. Winnicott chamou de suficientemente boa a mãe capaz de propiciar este tipo de adaptação ativa às necessidades do bebê. Ele acreditava que toda mãe possui a capacidade de devotar um tipo de cuidado suficientemente bom ao filho. (Monteiro, 2003).

À esta atitude sensível, desenvolvida geralmente no final do período gestacional, e que se estende por algumas semanas após o nascimento da criança, Winnicott deu o nome de preocupação materna primária, um estado psicológico de profunda identificação com o bebê, que permite à mãe proporcionar-lhe um tipo de cuidado favorável, peculiar às suas necessidades. O bebê, em um estado de indiferenciação original, encontra-se numa condição subjetiva, na qual ele e mãe estão fusionados, isto é, há uma continuidade entre “eu e não-eu”, não existindo um indivíduo, mas sim um conjunto ambiente-indivíduo (Klatau & Salem, 2009).

Nesse estado de peculiar e profunda identificação, a mãe oferece seu ego como sustentação ao ego ainda frágil e sem integração do bebê. Ela funciona como uma tradutora entre o mundo pulsional interno e os estímulos externos, imprimindo significados através da qualidade do seu cuidado materno, e assim, continuamente, contribuindo para que o bebê venha a alcançar o status de unidade.

Para que o bebe caminhe nesta direção, ele é encarregado de três tarefas básicas: integração, personalização e realização. Winnicott observou que o sucesso do bebê para conseguir realizar suas três metas, dependerá da suficiência da mãe em também desempenhar três tarefas: holding, handling e apresentação de objetos (Dias, 2003).

A mãe facilitará de uma forma específica cada uma das etapas do amadurecimento de seu bebê. A integração no espaço e no tempo que o bebê busca dependerá do holding, uma tarefa atribuída a mãe de fisicamente segurar e sustentar o bebê.