Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 33

PATHOS / V. 05, n.03, 2017 32

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E isto não fica centrado apenas nos conteúdos, mas também no tempo e na forma como estes devem ser transmitidos, desconsiderando o perfil da sala de aula, ferramentas modernas e atuais como, por exemplo, os celulares e, isto sem falar, na precária formação do corpo docente, bem como da direção.

Desta forma, as instituições não conseguem dar conta do seu real papel e responsabilidade na aprendizagem e na vida dos pequenos cidadãos, e acabam por lançar a ‘culpa’ sobre a família, ou a própria criança. Assim, enfatizam que o aluno faz jus ao seu significado, ou seja, é um ser sem luz. Querem um diagnóstico, não é à toa a ‘onda’ de autistas e hiperativos nas salas de aula.

A sociedade como um todo, através da mídia e, principalmente, propagandas políticas, enfatizam a ‘preocupação com a educação’ e sua importância, mas pouco se discute sobre ela, discussão essa que não deveria se restringir apenas dentro das escolas porém, ultrapassar seus muros. Aliás, em todo o tempo e lugar, estamos aprendendo. Porém, ficamos nesse embate: a sociedade ‘culpa’ a escola sobre a defasagem na aprendizagem, a escola se defende e, muitas vezes, ‘culpabiliza’ a família e a própria criança, e esta? Qual o sentido da escola e em que sentido ela caminha?

Esta ‘culpabilização’ desenfreada, ora pra um, ora pra outro, não faz sentido. Devemos demonstrar real preocupação e investimento na educação, na aprendizagem. Entendendo que ela deve ser uma troca e gerar mudança, transformação. Como dizia Paulo Freire (2000):

Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível muda-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenho para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes (Freire, 2000).

REFERÊNCIAS

Freire, P. (2000). Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora Unesp.