Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 13

A polícia agiu sem nenhum motivo. Saiu atirando, jogando bomba. Por quê? De quem partiu a ordem? Não é difícil saber. Dois carros queimados na esquina da Barão de Capanema. Os carros são velhos, deviam ser de moradores dos cortiços, onde as crianças assustadas estavam paralisadas, algumas contando com ardor a ação da polícia.

Deste cenário um homem sai entoando um blues que cita Cristo em seu lamento. Apocalíptico. Toda a quadra em frente a tenda do Braços Abertos foi queimada. Todos os trabalhadores abandonaram os seus postos. Assim como o Recomeço. Revoltante. Na Dino Bueno a quadra já estava ocupada de novo pelos usuários. Todos muito violentos. Não foi possível entrar no fluxo. Na Helvetia alguns esticam plásticos em cima das cinzas quentes e a fumaça. Perderam a razão. O inferno. Como estão por dentro?

A cidade deve ter sido invadida. Não sei a extensão dos danos na região. Parte da Santa Efigênia estava fechada. Mas cruelmente o entorno retoma a rotina. Parece que nada aconteceu. Acostumou-se à violência desse lugar. Nada pode parar.

Hoje, dia 10, dia de guerra, onde escorpião nos enlouquece, uivamos atônitos pra uma lua vermelha. Dia em que toda a mídia está focada em Curitiba. Um dia trágico. Tudo armado pra não ocupar os espaços de comunicação. Mas não tem como não noticiar esse dia tão cruel em que doentes foram tratados com bombas e violência na cidade de São Paulo. Que tempos são esses? Triste tudo o que perdemos aqui. Todo o desmonte que o Dória e o Alckmin estão fazendo na cidade de São Paulo, alinhados ao golpista Temer e seus 40 ladrões.

O Brasil foi roubado por políticos. Chama o ladrão. Lua cheia em escorpião.

Boa tarde, ditadura!

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PATHOS / V. 05, n.03, 2017 12