Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 35

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 34

Σ

1 - INTRODUÇÃO

A escolha do tema surgiu após trabalho desempenhado como psicólogo em Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) por dois anos e meio, entre 2011 e 2013. Nesse serviço, a demanda de adolescentes por tratamento era relativamente alta. O padrão de uso era variado, assim como as drogas de escolha. Em sua maioria, os jovens utilizavam múltiplas drogas de modo abusivo, estando o álcool, sempre presente.

O tratamento proposto aos adolescentes não repercutia na boa adesão deles devido, entre outros fatores, à inadequação estrutural e ao funcionamento técnico-administrativo do serviço. O CAPS AD voltava-se, principalmente, ao tratamento de adultos dependentes químicos. No entanto, segundo os preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Portaria n.3.088/2011 (institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde) , que considera as determinações da Lei n.10.216/2001, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.8.069/1990), dentre outras Leis, também cabe a este importante serviço atender adolescentes dependentes químicos.

Notava-se que os jovens não aderiam ao tratamento da forma esperada, ou seja, poucos frequentavam após o acolhimento inicial o serviço de modo efetivo e/ou assíduo, apesar da demanda ser substancial. Outro serviço que poderia compartilhar esse atendimento seria o Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS I). Porém, este equipamento tinha, como público-alvo, crianças e adolescentes com outras demandas, casos de psicose, autismo e neurose grave, a princípio, sem correlação com o uso de drogas psicoativas.

2 - Referencial teórico

Como embasamento teórico, foram utilizados artigos científicos sobre a complexa adesão ao tratamento da dependência química em jovens, obras psicanalíticas acerca da adolescência e teorias neuroquímicas sobre a dependência química apresentadas ao longo da apresentação dos resultados.

3 - Objetivos

Diante da prévia experiência profissional citada, diversas questões surgiram sobre a adesão ao tratamento dos adolescentes considerados dependentes químicos. É notório o crescente número de jovens brasileiros que fazem uso de drogas psicoativas e, em grande parte, carecem de orientação ou tratamento. Entretanto, ao procurarem ajuda, não a encontram de forma eficaz ou, ao menos, satisfatória. Dessa forma, neste trabalho, questiona-se quais seriam os fatores preponderantes para um jovem prosseguir em seu tratamento para dependência química em CAPS AD e quais facilitariam seu prematuro abandono.

.