Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 29

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 28

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Levando em consideração que as aplicadoras estavam na própria casa das crianças, vivenciando sua família, percebemos que este ambiente favorável e seguro faz com que Beatriz não sinta a necessidade de representar uma mãe em seu desenho, e sim evidenciar dois pais, desenhados no plano superior da folha em proporção maior, denotando o reconhecimento de autoridade e respeito. Ela e seu irmão ao centro, indicando a segurnça que sentem ao serem protegidos por esses pais. Todos estão com feições felizes e em sua estória Beatriz conta que “estão tirando uma foto e todos estão sorrindo”. Lucas, em sua estória nos fala sobre uma rotina normal e saudável de uma família: “Eles gostam de fazer esportes, gostam de viajar, gostam de animais e eles gostam de aprender (...) Gostam de brincar de um jogo em família, jogo de tabuleiro. O pai gosta de ler o jornal.” Contudo, ambos apresentam dificuldade para expressar em palavras sobre a família no desenho, podendo levantar como hipótese a insegurança por não saber o que o outro deseja ouvir como resposta.

Seus pais também se empenham em garantir às crianças o convívio com outras famílias homoafetivas, para que assim aprendam sobre respeito e diversidade, não se sintam sozinhas e possam ver que no mundo todo há famílias como a delas:

tem uma organização, que se chama “R Family Vacation” (R Férias de família – tradução livre), e eles organizam férias para famílias que contém duas mães ou dois pais. A gente já fez várias vezes com eles (...) Então, desde a idade de 3 anos, sabem que existe no mundo um monte de outras famílias que contém dois papais ou duas mamães... ou um papai, ou uma mamãe apenas, e que existe essas diferenças e que você tem que respeitar.

Foto: acervo pessoal

Lee e Silvana com o filho Inácio