Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 24

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 23

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3 - MÉTODO

Para alcançar o objetivo do estudo foi escolhida a pesquisa qualitativa, em busca de mais ênfase ao campo subjetivo. Segundo Minayo (2010), este tipo de método procura ressignificar processos sociais ainda pouco acessados e que pertencem a grupos particulares, sendo seu objetivo final propiciar a constituição de novos conceitos e categorias referente ao fenômeno em questão. Dessa forma, foi utilizado também o método de pesquisa de campo, no qual Gil (2008) objetiva o aprofundamento de uma realidade específica por meio de entrevistas para captar as explicações e interpretações manifestadas dentro daquela realidade.

Nossa amostra trata-se de uma família composta por dois homens assumidamente homossexuais residentes na cidade de São Paulo, com filhos adotivos desde o nascimento. A família será apresentada por nomes fictícios a fim de garantir o sigilo ético, conforme o documento de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo Paulo e Miguel os pais, e Beatriz e Lucas os filhos, sendo gêmeos de nove anos de idade. Miguel com 40 anos e Publicitário e Paulo com 50 anos e Gerente Geral.

Foi realizada uma entrevista com os pais, na qual Minayo (2010) se apropria desta técnica afirmando que ela pode ser uma conversa envolvendo vários interlocutores – neste caso os dois pais e a entrevistadora, realizada por iniciativa do entrevistador, que por sua vez, objetiva construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa, abordando temas que visam alcançá-lo. Em aproximadamente 10 (dez) questões semiabertas acerca do tema paternidade, família e sociedade, foram obtidos dados sobre a constituição familiar e principalmente o conceito de família e seus respectivos papéis concebidos. Já com as crianças, foram realizadas atividades em ambientes separados, seguindo a proposta de um desenho cujo tema família se baseava e, posteriormente, cada criança contou uma estória sobre ele.

Segundo Trinca (1997) o Procedimento de Desenhos de Família com Estórias (DF-E) constituiu-se num desdobramento do Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E), que por sua vez, tem finalidade de investigação psicodiagnóstica para detectar aspectos inconscientes nas relações de objeto da pessoa, com ênfase no meio afetivo e familiar, vindo a contribuir mais especificamente para uma abordagem da estrutura e da dinâmica da família em que o indivíduo está inserido, tanto no plano de fantasia quanto no mundo real. Em sua aplicação é comumente utilizada folha sulfite, lápis preto e borracha. Durante a aplicação também foi deixada à disposição uma caixa de lápis de cor com 24 (vinte e quatro) cores, que segundo Trinca (1997) é tido como uma das sugestões implícitas, ficando sob o alcance do olhar da criança como um estímulo, mas somente utilizado se desejado por ela.