Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 19

A Família Homoparental

De acordo com Murdock (1969, citado por Vieira, 2011, p. 87), é “um grupo social caracterizado pela residência comum, com cooperação econômica e reprodução”. Para Lucy Mair, ela consiste em ‘um grupo doméstico no qual os pais e filhos vivem juntos’. Beals e Hoijer definem família como ‘um grupo social cujos membros estão unidos por laços de parentesco’, ou ainda, ‘um grupo de parentes afins e seus descendentes que vivem juntos’”

Bem sabemos que os novos arranjos familiares hoje existem e lutam por reconhecimento perante a sociedade e as leis. Considerando então a família homoparental, é possível notar uma característica que está na flexibilidade dos papéis, onde pode não haver uma hierarquização ditada tradicionalmente pelo gênero, como muito se pode ver na família nuclear tradicional. Nesse contexto, tais funções se darão de acordo com as características de personalidade de cada membro, suprindo assim as necessidades e cuidados com os filhos.

Zambrano (2006 citado por Vieira 2011) vem apontar, que a orientação sexual dos pais não é o fator determinante da boa parentalidade. Não é ser heterossexual ou homossexual que torna um pai, um bom pai, ou uma mãe, uma boa mãe. Justamente desmistificar essa crença tem sido um dos maiores objetivos dos estudos da homoparentalidade, para assim comprovar que essas famílias tem toda a capacidade de educar filhos e merecem ter todos os direitos garantidos e preservados, em nome da família.

A Homosexualidade

Mais do que séculos, a homossexualidade está presente desde os últimos quatro mil anos na civilização, sendo seu início marcado pelas influências da cultura pró natalista, na qual Mott (2001) afirma que o desperdício de esperma associado à prática homossexual era compreendido como um crime que deveria ser condenado à morte, e principalmente da religiosidade, por meio da contradição com a ordem natural prevista pelo Criador. Esta contradição era tida como explicação para catástrofes ao longo da história, como o dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra e a Peste Negra.

Por tempos a homossexualidade foi vista por uma ótica de doença. Vieira (2011) afirma que a Medicina e o Direito, passaram a incorporar a concepção cristã da homossexualidade, considerando-a como uma doença intitulada de “homossexualismo” com tendência congênita e contagiosa. Ainda na década de 50, o termo homossexualismo foi intitulado para a Associação Americana de Psiquiatria no seu primeiro Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) como uma desordem.

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 18

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