Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 12

Sou professora da educação básica. Trabalhei na antiga Educação Pré-escolar no início da minha carreira no magistério e, desde 1998, atuo no Ensino Fundamental (antigo 1º grau). Atualmente, a Educação Básica é divida em três etapas que englobam Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. O Ensino Fundamental, obrigatoriamente de nove anos, está divido em duas etapas: Fundamental I, do 1º ao 5º anos, e Fundamental II, do 6º ao 9º anos. Minha atuação é no Ensino Fundamental I, que atende crianças de seis a dez ou 11 anos.

Trabalho na rede pública de ensino de Taboão da Serra, município da grande São Paulo, em uma escola da periferia desse município. A escola funciona em três períodos diurnos no Ensino Fundamental I (manhã, intermediário e vespertino), atendendo cerca de 1200 alunos e um período noturno na Educação de Jovens e Adultos (EJA), que atende jovens a partir de 15 anos de idade que não concluíram o Ensino Fundamental. A escola possui 12 turmas por período, com aproximadamente 35 alunos em cada sala.

As salas são dispostas em um andar que equivaleria a um subsolo e em outro que equivaleria ao 1º andar. No andar térreo se localiza o pátio/refeitório, banheiros, cozinha, secretaria e diretoria. No 1º andar está a biblioteca, utilizada para reforço escolar por uma hora em cada período por alguns professores para atender os alunos que participam desse reforço. E é dentro deste espaço, construído com divisórias de escritório, que funciona a sala do projeto: Grupo de Apoio Pedagógico Especializado (GAPEs). Um projeto idealizado e desenvolvido pela professora Vilma Elísio Nascimento e por ela implementado em 2007, permanecendo por dois anos e tendo seu retorno, já mais estruturado, em 2014 também pelas mãos de sua genitora. O projeto tem como finalidade atender alunos que apresentem desempenho escolar muito abaixo do esperado e tenham dificuldade para se desenvolver mesmo frequentando os projetos de reforço. E foi devido a esse trabalho que conquistamos muito mais do que uma sala, mesmo que improvisada, dentro do espaço escolar.

Além de professora sou psicóloga e é a partir desses dois lugares que falarei da minha prática, considerando a educação dentro do campo da saúde mental. Saúde mental compreendida não apenas como o campo da psicopatologia, da doença mental e de seus tratamentos medicamentosos e psicoterápicos, mas no sentido amplo do termo. Saúde, no sentido em que Canguilhem o postula, como sendo a capacidade que o ser humano tem de gastar e conduzir a própria vida. Em outras palavras, da capacidade de autonomia para conduzir a vida e se conduzir na vida em busca da construção da felicidade. Assim, apresentarei neste relato, como a educação e o GAPEs se relacionam com a saúde mental.

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 11

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