Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 3º Volume | Page 23

PATHOS / V. 03, n.02, 2016 22

partilhando dificuldades (saindo daquele discurso de que “nós fazemos, mas o CAPSnão” e vice-versa) e permitindo a reflexão sobre os alcances e os limites de atuação da própria RAPS, ou seja, seus “nós”.

Foi também possível apreender que, quando o funcionalismo público ganha as entranhas da subjetividade, por uma espécie de atravessamento perverso entendido muitas vezes como "burocracia", encontramos o solo do desserviço público. Neste desserviço, é possível localizarmos sintomas permeados por falas esvaziadas, como se ali houvesse "ninguém". Talvez seja o caso de exercitarmos uma espécie de "des-ser" daqueles que se deixam submeter a um certo discurso cujo único objetivo é fazer com que nada funcione para que se mantenha toda uma satisfação com a insatisfação.

A aposta desse percurso manteve-se como uma chama: fazer valer a aposta naquilo que talvez seja o mais complexo: as relações entre sujeitos humanos. Em outros termos, a constatação é que o SUS é feito de "pessoas". Talvez precisemos nos lembrar ou relembrar disso. Precisamos do outro para fazer valer essa aposta que é a do SUS, da RAPS e que, em outras palavras, define-se como prática de saúde democrática.

Nesse percurso, sou grata às oportunidades de aprendizado e trocas que encontrei com e ente os alunos, com as escolas regionais e os territórios e os bons encontros com os docentes e a supervisão do curso. Foi a partir das trocas com todas essas pessoas que fazem parte da rede, e que somos nós, que pude aprender que precisamos desconstruir paradigmas e inventar novas construções.

Agradecimentos: Laura C. Santucci, Christiane Mery Costa, Ester F. Serff,

Andréa Dias, Aline Godoy, Liandro Lindner, Luca Santoro,

Mario Cesar da Silva, Luciana Cordeiro e escolas regionais.

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