PATHOS / V. 03, n.02, 2016 12
Este conceito ferensciano difere do uso da concepção de introjeção, privilegiada por Freud, por exemplo, em “Luto e Melancolia” (1917).
Para Abraham e Torok (1995) é a recusa em promover a introjeção que aciona a fantasia de incorporação, assumindo como fantasia uma função “preservadora”, “conservadora”, mantenedora do “status quo tópico”. A incorporação é uma recusa a se fazer uma recomposição profunda do psiquismo frente uma perda, promovendo no seu lugar uma “cura mágica”, num desvio ao trabalho árduo e doloroso do luto. No final de um parágrafo denso e esclarecedor os autores dizem que a incorporação é “recusar introduzir em si a parte de si mesmo depositada no que está perdido, é recusar saber o verdadeiro sentido da perda, aquele que faria com que, sabendo, fôssemos outro (...). (Abraham e Torok, 1995: 245).
Mas porque há uma recusa a introjeção? Porque diante de uma perda sofrida pelo psiquismo, que antecede tanto a introjeção quanto a incorporação se escolhe um destino e não o outro? Porque a fantasia de incorporação mascaradora e denegadora da realidade vem fazer frente a um movimento de elaboração do sujeito? Sigamos com o casal Torok e Abraham (1995) e o que dizem a este respeito.
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