3 - A incorporação: sob o domínio do princípio do prazer
Quando uma etapa puramente narcísica dá lugar à etapa objetal(...) Se o objeto se torna a fonte de sensações prazerosas, instala-se uma tendência motora que vai tentar trazer o objeto ao Eu, incorporá-lo ao eu; então, neste caso, passamos a falar da “atração” que o objeto promotor de prazer exerce sobre nós, e dizemos que “amamos” o objeto. Inversamente, se o objeto for fonte de desprazer, haverá uma tendência que se esforça por aumentar a distância entre o objeto e o Eu e de seu afluxo de estímulos. (Freud, 1915: 159)
Nesta perspectiva, reportando ao texto freudiano “A pulsão e os destinos da pulsão” de 1915, encontramos o uso do termo incorporação apresentando-se sob a égide do princípio do prazer, constituindo-se em uma etapa preliminar do amor, uma “meta sexual provisória”. O mundo externo é decomposto em uma parte prazerosa e um resto, o qual Freud diz ser estranho ao sujeito, sendo a parte prazerosa objeto da incorporação
A incorporação na medida em que se encontra no âmbito da fantasia, se apresenta com um compromisso de encobrir a realidade frustrante. Neste referencial a fantasia, por definição diz da realização de um desejo, mais precisamente um desejo inconsciente, que em sua origem tende a evocar e restabelecer a primeira vivência de satisfação. Ressaltamos que para se falar em fantasia tem que se ter um grau de desenvolvimento egóico, uma delimitação, mesmo que incipiente, entre o “eu” e “mundo externo”. Laplanche e Pontalis [1967:210] apudh Fernandes (2006) diz que em “psicanálise, o limite corporal é o protótipo de toda separação entre um interior e um exterior; o processo de incorporação refere-se explicitamente a este envelope corporal”.
PATHOS / V. 03, n.02, 2016 10
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