Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 2º Volume | Page 9

Antes de encerrar, gostaria de alertar sobre duas importantes ameaças que estamos sofrendo neste campo, uma já instituída e outra no horizonte. As comunidades terapêuticas para tratamento de dependentes de álcool e drogas, são uma excrescência que, por força da bancada religiosa no congresso, forçou há aproximadamente três anos sua “entrada” na rede de atenção em saúde mental, com financiamento público pelo SUS. É um retrocesso de mais ou menos trezentos anos, quando o encarceramento, sem nenhum cuidado em saúde, se justificava para aqueles que causavam algum transtorno à sociedade. É urgente seguirmos fiscalizando e denunciando os abusos destes lugares, no sentido de revertermos essa derrota em nosso campo. Além disso, com a entrada do novo Ministro da Saúde, Marcelo Castro – aliado da bancada ruralista e da psiquiatria tradicional – a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), contrária à reforma psiquiátrica como política pública de atenção à saúde mental no Brasil, pediu a este para indicar uma nova coordenação nacional de saúde mental. Se isto acontecer, podemos perder muito, 30 anos de lutas e conquistas. Por estas e outras, urge não perdermos e registrarmos nossa história. Por tudo isso, amigos, a luta continua!

Saudações Antimanicomiais!

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Mental em Dados – 12, ano 10, no 12. Informativo eletrônico. Brasília: outubro de 2015

NOTAS

1 Durante quase oito anos a cidade de São Paulo esteve fora do SUS, inventando para si um outro Sistema de saúde baseado em cooperativas de medicos, o PAS, de 1995 a 2002. Este ato politico, ligado às gestões de Paulo Maluf e Celso Pitta, não apenas paralisou o processo de implantação do SUS em São Paulo, como o fez retroceder, gerando um prejuízo enorme às políticas públicas de saúde na cidade e para a saúde da população.

2 Alguns retratos impressionantes dos hospitais psiquiátricos brasileiros podem ser encontrados no livro Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex e no filme Os porões da Loucura, de Helvécio Ratton.

PATHOS / V. 02, n.01, 2015 08