Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºb Volume | Page 91

Levando-se em consideração a singularidade da adolescência e necessidade de multiplicar alguns conceitos sobre a população LGBTQI+, bem como acolher possíveis angústias comuns à sexualidade, foi realizada uma roda de conversa no 2º Simpósio de Saúde Mental Infanto-Juvenil: "Adolescência e singularidades", na ETEC Pirituba- Região Noroeste de São Paulo. Optou-se pelo formato de oficina, realizada com estudantes da Zona Norte de São Paulo. A seleção dos adolescentes ocorreu por meio de divulgação na própria ETEC, entre usuários das UBS locais e no dia do evento, entre aqueles adolescentes que se dispuseram a participar.

Realizamos uma dinâmica em que foram selecionadas manchetes como as do início desse relato, em associação com cartões com frases sobre masculinidade tóxica. Os adolescentes selecionavam as manchetes que se identificavam e/ou sentiam tocados, verbalizando suas opiniões e angustias sobre o que leram. Além disso, relatavam diversos momentos em que a masculinidade tóxica é considerada um dos fatores responsáveis pela violência relacionada a gênero.

Que surpresa linda perceber que a sensibilidade estava ali, ao lado da militância e da maturidade nem sempre presente nessa faixa etária. Gratificante reconhecer que alguns jovens estavam abraçando uma luta que não necessariamente eram suas, mas se caracteriza o sofrimento de alguém merecia ser vivenciada. Foi possível conduzir a oficina apenas levando alguns questionamentos e pontuando as boas reflexões.

Percebemos que colocar trechos de notícias reais sobre violência relacionada a gênero permitiu o início das discussões e promoveu identificação, bem como um momento de trocas de experiência e dúvidas sobre diversidade.

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PATHOS / V. 11, n.01, 2020 90