Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºb Volume | Page 88

Nessa etapa de leitura/triagem identificamos os casos mais graves: tentativa de suicídio, pensamentos suicidas, automutilação e abuso sexual, assim como a verificação da UBS de origem desses alunos, para que posteriormente fosse realizado o contato e encaminhamento da demanda e articulação com a rede de atenção psicossocial (RAPS).

Iniciamos o atendimento individual na escola, toda sexta-feira das 9h às 11h, firmando com o/a aluno(a) o compromisso de sigilo e nenhum julgamento diante dos relatos. Alguns alunos convidados para essa conversa já faziam acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico. Para aqueles que não tinham nenhum acompanhamento era ofertado os equipamentos da rede de saúde: atendimento psicológico/ psiquiátrico na UBS de referência, CAPS Infanto Juvenil, CECCO (Centro de Convivência e Cooperativa), entre outros atores sociais.

Concomitante ao atendimento individual realizou-se encontros mensais (rodas de conversa) entre alunos que haviam manifestado o interesse no atendimento individual e a Psicologia/Serviço Social da UBS. O primeiro encontro ocorreu na UBS, porém não teve a adesão esperada, razão esta que levou a equipe de saúde a realizar os encontros seguintes na escola.

Chamou-nos a atenção a adesão de alunos que inicialmente não colocaram o nome no questionário, mas, após colegas participarem do atendimento individual sentiram confiança em nosso trabalho e se dispuseram expor suas dores. Também o fato de haver um atendimento semanal dentro da escola, transformou-nos em referência para aqueles alunos que cada vez mais demonstraram interesse em buscar auxílio para questões antes vistas como sem resolução.

O evento construiu saberes e apontou possibilidades do trabalho com adolescentes em saúde mental. Para o próximo ano a ideia é seguir com o projeto, incorporando alunos que não puderam ser ouvidos no ano de 2019, assim como ampliar a rede de proteção.

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PATHOS / V. 11 n.01, 2020 87