Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºb Volume | Page 8

Editorial

Africanidades brasileiras é um conceito que designa não somente todo lastro histórico de luta e resistência do povo negro, mas também uma série de costumes, tradições, comportamentos e repertórios culturais originários do continente mãe e incorporados na cultura brasileira.

Assim, independente da origem e autodeclaração étnica, todos nós, brasileiros e brasileiras, somos marcados por essas africanidades em nosso dia a dia (Silvia, 2005).

Africanidades brasileiras conversa com Ubuntu, termo da filosofia africana que presa pela união e, sobretudo, pelo reconhecimento e compromisso com o outro. Lefa (2015, p.4) o define como "compaixão, reciprocidade, dignidade, harmonia e humanidade, no interesse de construir e manter uma comunidade com justiça e cuidado mútuo".

Nesse sentido, entendemos que a luta por justiça, equidade e reparação não devem estar concentradas apenas na população negra, mas em todos brasileiros. Imersos nesse compromisso ético, a Pathos lança o atual volume. Nele figuram, de forma inédita, duas capas para o mesmo volume. Buscamos nessa ação contemplar a negritude de dois movimentos, o do homem negro (representado por Otto Caetano), com suas lutas e engajamentos específicos, e o da mulher negra (representada por Vanessa Oliveira), e suas idiossincrasias (p.09).

A seguir, a assistente social, Daniela Campos, compartilha parte de seus estudos acerca da seletividade do Sistema de Justiça juvenil da capital paulista (p.13). Adiante, as psicólogas, Aline Coelho e Michele Borges, tecem reflexões acerca de suas práticas no Núcleo de Consciência Negra situado na Universidade de São Paulo - USP (p.33). Leandro Valquer, jongueiro e acupunturista, discorre sobre seu processo de identificação enquanto negro, e como sua arte traz essa identificação e resistência (p.45). Andréia Teixeira e Ronaldo Coelho, ambos psicólogos, apresentam entrevista realizada no canal do ConversaPsi na qual discutem aspectos do racismo vivido em tempos de pandemia (p.55).

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PATHOS / V. 11, n.01, 2020 07