Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºb Volume | Page 53

Acredito ke uma população com cem mil anos de residência em uma dada região, já pôde konstituir kultura, filosofia e ciência suficiente para dar uma certa karacterístika a esta região. É a partir das observações desses autores, ke aprendo essas téknikas terapêutikas kada vez mais de maneira komparativa kom as kosmologias afrikanas, mais específikamente as ke têm perkursos rekonhecidos nessa rota migratória específika ÁfrikÁsia.

Um konceito interessante kompartilhado por essas duas kulturas, por exemplo, é o konceito de ke o koração é ke é a morada da kosnciência, e não o cérebro, komo afirma a medicina ocidental. Ker dizer, em ambas as tradições, para se curar problemas psíquikos, é preciso kuidar do koração.

Esse tipo de estudo komparativo foi determinante para a edifikação dos novos konceitos em egiptologia, no qual Cheikh Anta Diop, o primeiro egiptólogo negro, konstruiu sua obra faraônika, derrubando tantas falsas teorias do racismo científiko.

Diop kompara o copta, idioma dos antigos egípcios, kom o wolof, sua língua materna, e afirma ke o egito antigo é uma civilização negro-afrikana em todas as suas karacterístikas. Reúne à essas provas análises kímikas ke fez, komo a kontagem dos níveis de melanina através do karbono 14, na pele dos faraós, e estudos komparativos de história kom relatos de historiadores, filósofos e sábios da antiguidade, ke observaram kom os próprios olhos o negrume dos povos do antigo Egito.

Diop, aos meus olhos, inaugura uma era. Assim komo fez Imhotep, o pai da medicina, ke também era polímata (carpinteiro, arkiteto, astrônomo, filósofo, eskritor, poeta) ergueu a primeira pirâmide escalonada do Egito, abriu a primeira eskola de medicina, em Menfis, e foi ministro do faraó Djozer, da terceira dinastia. Além de ter eskrito inúmeros tratados ke revolucionaram a medicina. A reunião de saberes matemátikos, kímikos, linguístikos, histórikos, sociológikos ke Diop explora em suas investigações, ilustra bem a herança deixada pela Áfrika. Essas fusões são karacterístikas fundamentais do humanismo afrikano, onde a espiritualidade é ciência, mas também é arte, pode muito bem, também, ser brinkadeira, e multidiciplinaridade ke nos liberta da fragmentação e extrema especialização ke o kondicionamento ocidental nos impõe.

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PATHOS / V. 11, n.01, 2020 52