Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºb Volume | Page 116

PATHOS / V. 11 n.01, 2020 115

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ENEM 2020 E O ABISMO DA DESIGUALDadE SOCIAL

O isolamento social, necessário para diminuir o ritmo de contágio da Covid 19 e tentar evitar o colapso do sistema de saúde, acentuou ainda mais a desigualdade do país em todas as esferas da sociedade e, claro, na educação não seria diferente. A disputa por uma vaga na universidade, sobretudo nas universidades públicas, historicamente marcada pela assimetria entre estudantes das escolas públicas e particulares, está neste momento ainda mais injusta. Não é possível aceitar o discurso da meritocracia num país onde 35,7% da população vive sem acesso à rede de esgoto, segundo dados do IBGE em 2019. São mais de 74 milhões de brasileiros nesta situação. Não é possível aceitar propagandas do ministério da educação, pagas com dinheiro público, dizendo aos alunos para se prepararem em casa. Segundo o Centro Regional de Estudos Para o Desenvolvimento (2018), uma a cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet. Apenas 9% das famílias de classe D e E têm computador em casa, enquanto nas famílias da classe A e B esse número sobe para 98%. Celular com acesso a internet, 40% nas classes D e E e 99% nas classes A e B. Segundo dados do INEP de 2017, nas classes mais altas 1 em cada 4 alunos atingia a faixa de 5% das melhores notas. Nas classes mais baixas 1 em cada 600 alunos atingia essa mesma faixa.