Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºb Volume | Page 110

Entendemos que o DSC não necessariamente apresentará um discurso único para todas as crianças do Brasil, mas sim a possibilidade de entendermos tal discurso como um parâmetro do que pensam e sentem as crianças frente ao enfrentamento do COVID-19. A beleza do procedimento estaria associada a construção do fenômeno e do surgimento de saberes observados, enfatizando os saberes empíricos da pesquisa de campo.

O roteiro que o pesquisador irá percorrer pode levá-lo a ultrapassar os limites de sua área de conhecimento (...) Assim, se o que justifica a pesquisa no campo é o contato com o fenômeno tal como ele se dá, (e não como ele é produzido em condições artificias), o investigador ao realizar o seu trabalho, deve se deixar levar pelo processo, o que significa muitas vezes, o encontro com historias que se cruzam, mas, necessariamente, que não tem relações causais, que complexificam o entendimento. Por conseguinte, o pesquisar de campo não é aquele que, ao final, demonstra alguma coisa, mas é aquele que, ao apontar novos indícios, cria incertezas. (Costa & Viegas, 2010, p. 242).

Visando o sigilo ético, nenhum nome ou dado de identificação foi exposto ao longo do estudo, garantindo o anonimato e a preservação dos envolvidos na pesquisa. Tais precauções e cuidados fazem parte dos procedimentos dessa pesquisa, uma vez que trata-se de um estudo envolvendo seres humanos, principalmente envolvendo crianças, ao que sujeita-se a padrões éticos regidos pelo respeito e pela proteção aos direitos fundamentais trazidos em nossa Constituição Federal (1988), bem como em nossos conselhos éticos de classe.

Vale ressaltar que é presente em nós como pesquisadores a ciência de que os grupos vulneráveis só deverão ser incluídos em pesquisas científicas se isto se demonstrar necessário e se a mesma não puder ser realizada de outra forma. A justificativa para a escolha do público-alvo é também a precariedade de pesquisas atuais que coletam a opinião das crianças frente a pandemia do COVID-19, tendo como um dos objetivos instrumentalizar pais, responsáveis e profissionais acerca de tal panorama, promovendo reflexão e maior entendimento do universo infantil frente a situações graves, vulneráveis e de calamidade pública. Foi levado em consideração que o benefício fosse maior do que um possível prejuízo, visando que a saúde, a segurança e o bem-estar das crianças deve ter sempre precedência sobre os interesses da ciência. Sendo assim, diante de qualquer situação desagradável que pudesse aparecer, tais princípios seriam levados em conta acima de tudo.

PATHOS / V. 11 n.01, 2020 109

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