Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºa Volume | Page 42

PATHOS / V. 11 n.01, 2020 41

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Essa pergunta também é expressada quando um docente diz que “é um absurdo um aluno na Faculdade de Direito Largo São Francisco não ser fluente em inglês”, como se todos os alunos desse espaço fossem provenientes das escolas particulares mais caras da cidade de São Paulo. No ano passado, na semana do dia 20 de Novembro, em que se comemora o dia da Consciência Negra, os alunos realizaram uma intervenção visual, no campus Largo São Francisco, com suas fotos e o título “Você estuda aqui?”, com o intuito de sensibilizar e denunciar o absurdo que vivem todos os dias.

Ter aprovado um sistema de cotas que tira milhares de estudantes da condição de exclusão é de extrema importância e precisa ser valorizado, porém, como lidar com a condição de exceção?

Pensar em políticas públicas para a inserção desses alunos, afim de que não apenas saiam da condição de exclusão, mas também do lugar de exceção que hoje ocupam é de extrema importância. Contudo, diante da atual situação política do país, estamos na iminência não só de retroceder em relação às cotas, mas também da privatização do ensino público, o que nos leva à necessidade de continuar lutando para melhorar, mas acima de tudo, continuar lutando para manter essa conquista.

Para finalizar, trazemos uma poesia de Conceição Evaristo do livro “Poemas de recordação e outros movimentos”, para lembrar que o sistema de cotas – dentre outras ações de resistência e políticas públicas – é também uma forma de termos em nossas vozes, todas as vozes que foram caladas, uma forma de termos “Vida-Liberdade”: