Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 11ºa Volume | Page 39

Além da dificuldade em lidar com o não pertencimento, com o olhar excludente dos outros alunos, há muitos outros relatos de situações em que os alunos sofrem racismo dentro da Universidade, inclusive vindo de professores.

A lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012 1, também conhecida como lei de cotas, tem como objetivo beneficiar estudantes oriundos de escolas públicas, negros, índios e portadores de necessidades especiais, sempre com recorte de renda. A lei prevê que seja dedicada até 50% das vagas para esses alunos, aumentando as chances dos que foram menos favorecidos na tentativa de ingressar nas universidades públicas (Brasil, 2012).

Passar no vestibular e ingressar na universidade é uma grande conquista, marca uma luta e uma posição política no quadro da educação no Brasil. Contudo, há uma disparidade enorme entre os alunos provenientes de escolas particulares e os alunos cotistas, tanto em termos de conteúdos teóricos, como culturais e de línguas estr angeiras. Assim, alguns saem da condição de exclusão, porém, entrar não significa serem incluídos e, continuam na condição de exceção.

Sabemos que o processo de preparação para o vestibular costuma ser difícil para a maioria dos jovens. Em um mundo marcado pela competitividade, o sujeito moderno necessita escolher uma profissão mesmo quando não tem maturidade para se responsabilizar por essa escolha, precisa se organizar cronologicamente e psicologicamente para aprender conteúdos que muitas vezes nunca viu e que não fazem parte de sua realidade, enfrenta a desigualdade de um sistema meritocrático marcado por estereótipos e preconceitos.

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PATHOS / V. 11, n.01, 2020 30