Na segunda edição do Simpósio de Saúde Mental fomos capturados pelo tema da adolescência. Entendemos que essa população, com sua singularidade tem um jeito próprio de se colocar, e desde sempre está envolta em múltiplos significados e questões. Nosso objetivo é afetar e ser afetado por essas experiências, trazer e produzir juntos conhecimentos, prestigiar e valorizar as práticas e saberes dos profissionais de equipamentos públicos que se reinventam diariamente frente a múltiplas demandas e de políticas públicas que não avançam na mesma velocidade, e como não poderia deixar de ser, buscamos garantir discussões que mantenham os serviços de educação e saúde igualitários, humanos e vivos.
Neste evento optamos por refletir sobre aspectos teóricos e práticos de problemáticas da adolescência, questionando se estaríamos em uma crise ou apenas supervalorizando a tão conhecida – e esperada - crise na adolescência. Seguimos por uma reflexão acerca da vulnerabilidade tão presente nessa fase e das experiências possíveis com a educação para em seguida pensar quando os investimentos, supostamente, falham ou são judicializados. Também nos propusemos a pensar nas possíveis consequências dessas falhas biopsicossociais para esse público.
Nas oficinas que fizeram parte do simpósio, fomos provocados por projetos elaborados por alunos de escolas municipais da região que nos dizem quais são suas reais necessidades e do que se trata essa tal adolescência, a qual, por muitas vezes, insistimos em querer saber melhor do que eles próprios. Suas vozes se mostram no debate, arte, cultura e escuta. São muito mais do que parecem. Pedem socorro e se socorrem. Se mutilam e se curam. Queixam-se dos pais, mas na maioria das vezes só querem ser filhos, questionando a autoridade e buscando por ela. Eles são mais do que parecem. Será que conseguiremos ver? Estamos tentando, tentando mesmo. Dar voz, oferecer práticas de saúde, reflexão, cultura e arte. Esse foi nosso Simpósio.
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PATHOS / V. 10, n.03, 2019 96
Oficina de mandala com os adolescentes