Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 10º Volume | Page 84

Paciente: Não sei, não faço questão de ter ninguém por perto. Gosto da minha rotina e do meu trabalho, não preciso que as pessoas gostem de mim não sou obrigado a agradá-las. Como eu disse anteriormente, percebo que elas me acham estranho, mas não me importo com isso.

Psiquiatra: E com relação a sua namorada?

Paciente: Sim! Percebo que ela se incomoda bastante, e sinto que ela está tentando me ajudar, embora eu ache que não precise, mas estou aqui pra tentar melhorar. Ela me pediu isso e por isso pretendo me esforçar. No momento, a opinião dela é a única que importa pra mim.

Psiquiatra: Isso tem te causado algum sofrimento?

Paciente: Sempre achei que não, mas, ultimamente, depois de começar a tentar mudar, vejo que sim. Sinto que é mais forte que eu e que, apesar de eu estar adaptado aos meus costumes, hoje, eles me dominam.

Psiquiatra: Você já fez algum tratamento?

Paciente: Ah, pouco mais de dois anos, após passar em outro psiquiatra, iniciei um tratamento com terapia e uso de medicamentos, mas, como já disse, nunca achei que isso fosse um problema. Por isso eu não via sentido em ficar me enchendo de remédios e nem falando da minha vida para um terapeuta.

Psiquiatra: E, hoje, qual a sua expectativa com relação ao tratamento?

Paciente: Bem, não sei exatamente aonde isso vai dar, mas, como falei anteriormente, vou tentar.

COMO CITAR ESTE TEXTO

Silva, R. (2019) Entrevista com Melvin - Narrativas em Cena (Encarte Especial). Pathos: Revista Brasileira de Práticas Públicas e Psicopatologia, 10 (3), 81-83.

PATHOS / V. 10, n.03, 2019 83

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