Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 10º Volume | Page 55

Nesta perspectiva, a educação tem um impacto direto sobre o desempenho escolar que nenhuma outra variável tem como Meichenbaum (2001) citado por Gallo; Williams (2005) afirmam,

Alguns pesquisadores acreditam que um alto nível intelectual atua como fator de proteção, auxiliando jovens de alto risco a não se engajar em atividades delituosas. Os adolescentes com baixo nível intelectual têm maior probabilidade de praticar crimes mais violentos do que jovens com maior escolaridade e, também, são três vezes mais prováveis de se ferir em brigas e precisar de intervenção médica. Mais de 80% dos jovens custodiados na América do Norte são funcionalmente iletrados. (p.36).

A escola atual precisa estar preparada para receber e formar estes adolescentes, frutos de uma sociedade injusta, e para isso, necessitamos de professores dinâmicos, responsáveis, criativos, que sejam capazes de inovar e transformar sua sala de aula em um lugar atrativo e estimulador, para que a criminalidade não se sobreponha na vida destes sujeitos. Essa tendência é tematizada, também, por Caldeira (2008, p. 43) ao afirmar que “a fala do crime é produtiva, mas o que ela ajuda a produzir é segregação (social e espacial), além de abusos por parte das instituições da ordem, contestação dos direitos da cidadania e, especialmente, a própria violência”.

Arroyo (1997, p.39) chama a atenção sobre essa questão dizendo que “a evasão sugere que o aluno que se evade deixa um espaço e uma oportunidade que lhe foi oferecida por motivos pessoais e familiares. Portanto ele é responsável pela sua evasão. Quando o aluno se evade o professor não tem nada a ver com isso”. Esta é uma análise que Arroyo põe em questão, pois é muito cômodo transferir o problema sempre para o aluno que evade. A escola, também, não está conseguindo mantê-lo sob sua custódia.

Quanto ao índice de repetência, o adolescente Progênio, em seus enunciados discursivos ria-se de sua própria história de vida. Percebemos claramente a falta de consciência da importância do percurso de sua escolaridade. Como pudemos perceber este adolescente não conseguiu, nem sequer, completar as primeiras séries do ensino fundamental. Segundo Arroyo (1997, p.18) “os alunos chegam à escola defasados, com baixo capital cultural, sem habilidades mínimas, sem interesse, ou seja, chegam à escola reprováveis”.

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PATHOS / V. 10, n.03, 2019 54