Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 10º Volume | Page 38

Para o modelo municipal e para o território, o CECCO se mostrou de fundamental importância na mudança paradigmática e prova disso é que resistiu até hoje, passou pelo PAS e passa pelas OSS. Mantém-se, apesar da falta de vontade política na retomada do crescimento quanti e qualitativo desse equipamento, como real e eficaz mecanismo de reforma da assistência psiquiátrica. Consideramos, portanto, que é inadmissível a falta de financiamento desse equipamento.

GRITO AOS GESTORES DA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL

A análise da situação democrática no Brasil, com relação a sua transição democrática, pode ser considerada “fraca”, conservadora e como “transformismo”. Sob essas diferentes denominações, surgem algumas características: reformas pelo alto (ainda que com pressões de baixo), assemelhando-se à “via prussiana”. Houve rompimento com a ditadura, mas não com os traços autoritários, conservadores e excludentes que caracterizam o modo de fazer política no Brasil, uma ausência de ruptura com a estrutura decisória pré-existente e uma “conversão” da elite para manter-se dominante e para continuação do poder anterior (COUTINHO, 1991; WEFFORT, 1985).

A Reforma Psiquiátrica também está inserida nesse contexto. Sofreu e sofre essas influências que em momentos paralisam a ação de vanguarda, em outros lhes permite serem implantadas para, em seguida, estagnarem ou desaparecerem (COSTA, 2011). Os interesses na Saúde estão para além do “fazer bem” e se digladiam para serem os hegemônicos para os ditames do que e como fazer, a ignorar a vontade dos profissionais, usuários e familiares e da sociedade civil, como visto principalmente nas I e II Conferências Nacionais de Saúde Mental (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1987 e 1999).

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PATHOS / V. 10, n.03, 2019 37