SEMPRE TINHA ONDE FICAR
Em Florânia meu avô nasceu, e enterrouse antes mesmo que eu pudesse pensar em
existir, e lá ainda mora a última irmã dele
(acredito que seja o parente mais distante que
tenho). Falei, no ínicio da revista, que só conheço
o cemitério justamente por essa minha tia
morar ao lado dele, pouco mais de 50 metros
de distância, acredito eu. E era nesta casa em
que ficávamos. Lembro-me de um fogão a lenha,
do famoso banho de cuia e de ficar horas e horas
ouvindo meus primos e tios conversando debaixo
de uma árvore que ficava de frente a casa.
Ia ao cemitério sem entender muito o que era
ter um parente morto, naquela época eu não
sabia exatamente o que era a morte.
Depois que vi minhas avós morrerem as
coisas mudaram um pouco e não fiquei muito
familiarizado com cemitérios e/ou esse costume
de irmos aos cemitérios prestar homenagens
aos mortos deixando flores próximos a seus
túmulos. Não sei explicar muito bem, mas
acredito mais no diálogo mental com aquele
parente que com a ida à um túmulo. Por esse
motivo nesta última viagem que fiz à cidade
de Florânia eu preferi usar meu tempo
para tentar registrar algumas cenas que me
pareciam agradáveis e me faziam me sentir
bem em meio a todo aquele clima de dia
de finados. E foi desse tempo “livre” e das
fotografias que fiz lá que surgiu a ideia de
criar a PASSEI.