PASSEI por Florânia | Page 6

SEMPRE TINHA ONDE FICAR Em Florânia meu avô nasceu, e enterrouse antes mesmo que eu pudesse pensar em existir, e lá ainda mora a última irmã dele (acredito que seja o parente mais distante que tenho). Falei, no ínicio da revista, que só conheço o cemitério justamente por essa minha tia morar ao lado dele, pouco mais de 50 metros de distância, acredito eu. E era nesta casa em que ficávamos. Lembro-me de um fogão a lenha, do famoso banho de cuia e de ficar horas e horas ouvindo meus primos e tios conversando debaixo de uma árvore que ficava de frente a casa. Ia ao cemitério sem entender muito o que era ter um parente morto, naquela época eu não sabia exatamente o que era a morte. Depois que vi minhas avós morrerem as coisas mudaram um pouco e não fiquei muito familiarizado com cemitérios e/ou esse costume de irmos aos cemitérios prestar homenagens aos mortos deixando flores próximos a seus túmulos. Não sei explicar muito bem, mas acredito mais no diálogo mental com aquele parente que com a ida à um túmulo. Por esse motivo nesta última viagem que fiz à cidade de Florânia eu preferi usar meu tempo para tentar registrar algumas cenas que me pareciam agradáveis e me faziam me sentir bem em meio a todo aquele clima de dia de finados. E foi desse tempo “livre” e das fotografias que fiz lá que surgiu a ideia de criar a PASSEI.