Paradidático - O Outro em Mim Paradidático - O Outro em Mim | Page 20
muita fome e constantes ataques, o comércio era raso e a agricultura
difícil. Ele queria dar uma vida diferente ao seu irmão, perto do grande
palácio e das riquezas que este propiciava, mas suas opções estavam se
esgotando. Não chovia há bastante tempo e a comida estava próxima do
fim.
Ameyal então sai de sua casa e olha para o céu, bem diferente do
que seu sonho lhe mostrou, estava ensolarado e sem nuvens.
-
Ó Tlaloc, grande deus que faz relâmpagos e trovões, tão antigo
quanto o mundo. Poderoso e forte, escute um que nada tem a lhe
oferecer se não grande reverência. Manda tua chuva ou eu e meu
irmão iremos perecer. Manda aquela que dá vida a terra e que
mantém nossa existência.
-
Tlaloc não responde… - disse Yolotzin ainda sonolento indo até a
porta da casa.
-
Ele sabe o tempo certo das coisas… Aliás não é o grande Deus da
chuva?
-
Mas ele não faz chover Ameyal. Talvez tenha perdido seus poderes.
- disse um pouco temeroso e quase sussurrando.
-
Não diga isso! - falou o jovem o interrompendo. Ele se aproximou
do irmão e o pegou no colo. - Nunca insulte os deuses, é por isso
que às vezes eles não nos atendem, pois não os adoramos o quanto
deveríamos.
-
Mas eu rezo a Quetzalcóatl e a Centeotl, para que eles nunca
deixem faltar milho.
Ameyal sorriu discretamente e colocou o irmão em cima do
colchão de palha. Pegou uma cubuca com abóbora amassada e outra com
milho cozido, ambos começaram a comer e nada mais foi dito naquela
manhã.