Optometria, uma ciência em foco 1° Edição | Page 21

MECANISMOS DE DESTRUIÇÃO OU DANOS DAS CÉLULAS RETINIANAS PELA EXPOSIÇÃO A LUZ AZUL De acordo com Junior (2011), as células do EPR fagocitam os subprodutos da peroxidação das membranas e os resíduos liberados pelos cones e bastonetes, degradando- os enzimaticamente. Contudo, com o passar dos anos, há o acúmulo gradual destes subprodutos nas células do EPR sob a forma de lipofuscina. Com os danos provocados pelos radicais livres, há um aumento da oferta de lipídios e outras moléculas para o EPR e, consequentemente, ocorre maior número de lipofuscina e outras substâncias inertes.  Como suposto por Tsubota et al (2016), a retina pode ser danificada pela exposição a luz, causando modificações em três níveis: nível fotomecânico, fototérmico e fotoquímico, sendo que o mais eficiente é o dano fotoquímico, por aumentar a produção de ERMO's na retina e estimular o estresse oxidativo. O dano fotoquímico é o mais comum, ocorrendo quando a retina é exposta a luz de alta intensidade no espectro visível (390-600 nm). Pode haver dois tipos de danos por exposição a essa luz, no primeiro caso, por exposição intensa afetando o EPR e em segundo caso, por exposição menos intensa, mas a longo prazo, afetando o segmento externo dos fotorreceptores. A exposição curta (até 12 h) à luz azul pode induzir danos no RPE do macaco rhesus, e uma relação clara foi encontrada entre a extensão do dano e a concentração de oxigênio. O fato de que muitos antioxidantes diferentes podem reduzir o dano sugere que esse tipo de dano está associado a processos oxidativos. Dados experimentais sugerem que a lipofuscina é o cromóforo envolvido na mediação do dano retiniano induzido pela luz após a exposição à luz azul. O segundo tipo de dano fotoquímico induzido pela luz ocorre com exposição de luz mais longa (12-48 h) mas menos intensa. Este tipo de dano foi observado inicialmente em ratos albinos, mas também foi observado em outras espécies. Os cones parecem ser mais vulneráveis em comparação com as hastes. Várias linhas de evidência sugerem que os pigmentos fotográficos visuais (por exemplo, rodopsina e opsinas) estão envolvidos neste tipo de dano. (TSUBOTA ET AL, 2016) “Dados experimentais sugerem que a lipofuscina é o cromóforo envolvido na mediação do dano retiniano induzido pela luz após a exposição à luz azul.” capacidade das moléculas de rodopsina para absorver fotões por várias ordens de grandeza, permitindo assim que as moléculas atinjam o número crítico de fótons necessários para induzir danos nas células da retina. (TSUBOTA ET AL, 2016) O processo citado pelo autor, pode aumentar a produção das ERMOS, assim o dano oxidativo pode levar ao acúmulo de lipofuscina no EPR fazendo com que esta camada perca a capacidade de fornecer nutrientes aos fotorreceptores, alterando suas funções. Além disso, a lipofuscina ao absorver a luz azul, se torna fototóxica, o que pode levar a maiores danos ao EPR e células fotorreceptoras. Fig. 4. Luz azul causa desorganização dos segmentos externos dos fotorreceptores (FUNK, et al, 2009) Fig. 5. Desorganização dos fotorreceptores causado por dano a exposição a luz após 12 h. (FUNK, et al, 2009) Alguns estudos forneceram evidências de que o espectro de luz para indução do dano na célula fotorreceptora é semelhante ao espectro de absorção da rodopsina, porém, outros estudos indicaram que a luz azul (400-440 nm) pode ser mais prejudicial. Grimm et al. forneceu uma explicação para este fenômeno, demonstrando que a rodopsina descorada in vivo pode ser regenerada não só através de uma via metabólica (por exemplo, através do ciclo visual), mas também através de uma reação fotoquímica chamada fotorreversal de branqueamento que é mais efetiva com luz azul. A fotorrealização do branqueamento aumenta a Optometria, uma ciência em foco. 21