SAÚDE
uma membrana”, explica o mastologista Pedro
Aurélio Ormonde do Carmo, do Hospital Câncer III, do Instituto Nacional do Câncer – Inca.
“Se essa membrana não foi rompida e as células tumorais estão contidas dentro do nódulo,
temos um carcinoma in situ. Se elas já atravessaram essa membrana, falamos de carcinoma
invasor”, esclarece. “Todo tumor in situ, se não
for tratado, tende a evoluir para invasor”, completa o especialista. Por isso, a importância do
diagnóstico precoce.
O câncer de mama pode ser ainda do tipo
inflamatório, que é uma forma de apresentação incomum dos carcinomas invasores. “É um
tipo mais agressivo, com mais risco de metástase”, afirma Ormonde do Carmo. O carcinoma
inflamatório se diferencia dos demais pelo fato
de deixar a mama inchada e avermelhada, podendo a pele adquirir o aspecto de casca de laranja. Isso acontece porque as células tumorais
se disseminaram pelos vasos linfáticos da pele
que recobre a mama.
Receptores Hormonais
Seja ductal ou lobular, in situ ou invasivo, todos os tumores de mama devem ser testados
quanto à presença de receptores para os hormônios femininos estrógeno e progesterona.
Receptores são proteínas localizadas na superfície externa da célula. No caso dos receptores
hormonais, sua presença indica que o tecido
tumoral se prolifera em resposta a esses hormônios. “Essa informação é muito importante
para o tratamento”, afirma o especialista do
Inca. “Os tumores que são positivos para receptores hormonais têm melhor prognóstico,
ou seja, são mais fáceis de curar”, acrescenta.
O teste avalia a presença de cada receptor
separadamente. Se o resultado for positivo
para algum deles ou para ambos, a paciente
passa a receber, além do tratamento convencional (quimio e radioterapia, por exemplo),
a chamada hormonioterapia, que impede o
acoplamento do hormônio com seu receptor,
retardando o crescimento tumoral. Normal-
mente, a medicação leva a uma interrupção
temporária dos ciclos menstruais.
HER2 Positivo
Tão indispensável quanto o exame para receptores hormonais é o teste para o receptor
HER2, que também é uma proteína localizada
na membrana das células. “Em até 25% dos casos de câncer de mama, essa proteína aparece em excesso, indicando que se trata de um
tumor mais agressivo, ou seja, o risco de recaída, após o tratamento convencional, é bem
maior”, explica o oncologista Aman U. Buzdar,
oncologista do MD Anderson Cancer Center,
da Universidade do Texas, que esteve em São
Paulo em 2009 para um congresso organizado
pelo Hospital A. C. Camargo.
Tal como os receptores hormonais, a positividade para HER2 implica no uso de uma medicação específica que se somará ao tratamento
e cujo objetivo também é bloquear o receptor,
diminuindo a velocidade de crescimento do
tumor. Segundo Buzdar, nos casos em que a
doença está em estágio inicial, o tratamento
específico pode reduzir o risco de recorrência da doença em até 50%. “É importante que
a paciente cobre do médico o teste de HER2”,
completa o especialista.
Triplo Negativo
Um tumor de mama pode ser positivo para
estrógeno, progesterona e HER2. Ou pode ser
positivo apenas para um ou dois desses receptores. Ou pode, ainda, ser negativo para todos
eles, o que os oncologistas chamam de tumor
triplo negativo. “São tumores mais agressivos”,
afirma Ormonde do Carmo. “Como não há um
receptor para atacar com medicamentos específicos, o tratamento é mais difícil”, acrescenta.
Por outro lado, essas pacientes respondem
melhor à quimioterapia.
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