ODE // RECOMEÇA | Page 8

as saudades quando não cabem no peito, transbordam. transbordam normalmente na forma de lágrimas, mas em caso meu dão azo a letras. dão asas a palavras que não quiseste ouvir, que vão para longe. dão pernas a sílabas que dispensaste. dão corda a ditongos a que fechaste os olhos e dão lume a onomatopeias que não me deixaste proferir. talvez as fume agora. não as quiseste para ti, mas na rua estes sentimentos não vão ficar. não vou abandonar o que sinto como fizeste comigo. não vou deitar por terra todas as lindas palavras de amor que formei enquanto te olhava. antes vou com elas construir algo maior. digno de divindades, deuses e santidades. algo digno de ti. tal enormidade de palavras tenho no meu peito. pena não quereres ler, bem nem saber. vais perder o melhor lar que alguma vez podias ter. não seria eu, não. mas sim o que sinto. em forma de palácio ou quiçá castelo. algo merecido de alguém digno do que sinto. - Farias