as saudades quando não cabem no peito,
transbordam. transbordam normalmente na forma
de lágrimas, mas em caso meu dão azo a letras.
dão asas a palavras que não quiseste ouvir, que vão
para longe. dão pernas a sílabas que dispensaste.
dão corda a ditongos a que fechaste os olhos e dão
lume a onomatopeias que não me deixaste proferir.
talvez as fume agora. não as quiseste para ti, mas
na rua estes sentimentos não vão ficar. não vou
abandonar o que sinto como fizeste comigo. não
vou deitar por terra todas as lindas palavras de
amor que formei enquanto te olhava. antes vou com
elas construir algo maior. digno de divindades,
deuses e santidades. algo digno de ti. tal
enormidade de palavras tenho no meu peito. pena
não quereres ler, bem nem saber. vais perder o
melhor lar que alguma vez podias ter. não seria eu,
não. mas sim o que sinto. em forma de palácio ou
quiçá castelo. algo merecido de alguém digno do
que sinto.
- Farias