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D iante dessa massificação e homo- geneização da cultura, principal- mente em aldeias espalhadas pelo mundo, precisamos resgatar alguns hábitos e enxerga-los através de uma fili- grana de contemporaneidade. O Oasis pro- põe essa lente de aumento no cotidiano baiano, pinçando elementos estéticos que caracterizam a Bahia: texturas, cores, for- mas. Para além de babados embasbacados e fitinhas multicoloridas do Bonfim. É sabido, ou pelo menos se tem essa im- pressão, de que as coisas na Bahia aconte- cem de forma alegorica/quase surrealista: aqui frequentamos missas afro católicas, fazemos compras em lojas de artigos mís- ticos que tocam louvores evangélicos, em uma mesma viagem de ônibus podemos encontrar “personagens” de estórias apa- rentemente dispares mas que na Bahia sa- bem se misturar. Mas falta no baiano reconhecer em seu cotidiano algumas inspirações cedendo a impulsos criativos: cada pedra, cada esqui- na escondem encantamentos/desencanta- mentos que só um olho treinado é capaz de decodificar. Seja na brancura impenetrável da espuma do mar que quebram cristalinas nos roche- dos costais: o mar representa a limpeza, a economia colaborativa, a fé. Seja no branco que se repete nas sementes, no feijão fradi- nho que vira acarajé, nas comidas típicas de festa junina e no acaçá que limpa o corpo e a alma. O branco é presente nas romarias e nas flores oferecidas para Oxalá. Verão na Bahia é andar pelas ruas e encon- trar bancas, carros, “construções” improvi- sadas de frutas e verduras cujo as formas parecem flores como o rambutão ou pedras como o mangustão, e a cartela de cores for- mam uma combinação cromática que só os mais corajosos usariam na decoração. A Bahia é Terra/Água e Mangue, com ele –o mangue- deveríamos aprender a preserva- ção. O futuro sempre chega embutido no passado. Se não preservamos as nossas tra- dições, os nossos tesouros a criação do Novo se torna inverossímil: a biblioteca portugue- sa, os mosteiros e conventos, os terreiros de candomblé, escondem atrás dos muros sagrados conhecimentos inimagináveis em botânica, medicina, culinária, história, etc. Uma coisa é indiscutível, o baiano aprendeu a criatividade com o duro cotidiano. Esse primitivismo é esboçado no artesanato: nos cortes/recortes do couro que se assemelha ao entalhe da madeira na xilogravura, a pa- lha presente nas festa juninas do interior ou nas celebrações de caboclo do recôncavo. A chita trazida pelos colonizadores carregam a força da estamparia e a mesma coragem de um verso. Basta andar pelas ruas para testemunhar essas afirmações. Um mergulho antropoló- gico em um poço de experiências humanas e culturais, reafirmando alguns cacoetes e desconstruindo outros há muito desbota- dos. A Bahia é um caldeirão efervescente, é uma instalação em construção, a Bahia é samba/rock/funk, a Bahia é a terceira di- mensão. oasis