O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 99
social-democratização. Quando candidato ao governo de São
Paulo, em 1994, o então deputado José Dirceu, em entrevista à
imprensa, afirmou que o seu partido deveria ser um partido socialdemocrata de esquerda.
Mas, para Luiz Werneck Viana, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, uma vez no poder central, desde 2003,
o governo do PT estaria mais para um populismo neogetulista do
que para uma experiência socialdemocrata de tipo europeu.
A socialdemocracia europeia conquistou reformas sociais
pela democratização do Estado e pela organização, fortalecimento
e ampliação da sociedade civil, com partidos fortes, sindicatos
representativos e independentes do Estado. Estabeleceu, desse
modo, uma sociedade de direitos. Já o getulismo estabeleceu uma
legislação social a partir de um Estado autoritário. Cooptou, atrelou e tutelou os sindicatos e os movimentos sociais.
Duas características importantes de fenômenos como o
getulismo são o sebastianismo, quando um redentor e líder carismático concede benefícios aos pobres, numa realidade de sociedade civil fraca e desorganizada. E o bonapartismo, quando o líder
dispensa os partidos da tarefa de intermediação do conflito social
entre a sociedade civil e o Estado. Ele se coloca acima das classes e
arbitra o conflito social.
O enfraquecimento dos partidos e a subordinação
dos movimentos sociais
De fato, já durante o primeiro mandato de Lula, assistiu-se a
uma diminuição do papel do Congresso Nacional, e, como consequência, dos partidos políticos. Aprofundou-se a condição do
Legislativo, no atual presidencialismo brasileiro, de uma casa
meramente homologadora das decisões do Executivo.
O governo petista, fiel à tradição, continuou e ampliou o uso
abusivo de medidas provisórias e decretos, sem maiores debates
dos projetos governamentais com os congressistas.
A política de alianças do PT e seu hegemonismo
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