O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 87

progressista da Igreja Católica e sindicalistas de relações com os sindicatos socialdemocratas da Europa, o PT manteve, ao mesmo tempo, proximidade com os partidos socialistas e socialdemocratas europeus, bem como relações amistosas com os partidos comunistas, inclusive com aqueles no poder, como dos países do Leste europeu, da China e de Cuba, cujo regime se inspirou no modelo soviético. A conceituação do leninismo é complexa, mas para nosso estudo interessa dois de seus aspectos fundamentais: a concepção da democracia de Lênin e o seu conceito de hegemonia. Para o líder da Revolução Russa, a democracia era uma formalidade, uma forma de Estado. Segundo sua visão, o mais importante era determinar o conteúdo, isto é, que classe social domina o Estado, o poder político. Para ele, se é a burguesia, mesmo a democracia sob o comando dela – a “democracia burguesa” – será sempre uma dominação da classe burguesa sobre as outras classes sociais. Uma coerção e, portanto, na visão leninista, uma ditadura. Para Lênin, os socialistas deveriam contrapor à “democracia burguesa” a “democracia operária”, isto é, o Estado dominado pelos operários e seus aliados, estabelecer a sua coerção do poder político contra os antigos exploradores. Vale dizer, implantar uma ditadura do proletariado. Os eurocomunistas e Armênio Guedes É verdade que, entre intelectuais petistas, havia os gramscianos, como Francisco Weffort, que buscavam superar o leninismo. Sabemos que Antônio Gramsci, um dos fundadores do PC italiano, ainda nos anos 1920 e 1930, refutou algumas das teses de Lênin. Para Gramsci, o modelo de conquista de poder pelos bolcheviques – uma insurreição armada – não era o único caminho nem universalmente válido para os trabalhadores de todos