O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 113
de Raimundo Faoro, será referência de ambos ao começarem
suas trajetórias. (...) Precisamente nesse sentido é que podem ser
compreendidos como partidos paulistas na medida em que localizam no Estado a raiz do nosso autoritarismo político, das políticas de clientela e de um burocratismo parasitário a impedir a
livre movimentação da sociedade civil. No diagnóstico da época,
era preciso emancipar os mecanismos da representação política
dos da cooptação, traço do nosso DNA herdado da história ibérica. No caso dos sindicatos, preconizava o PT, era preciso romper
com a Consolidação da Legislação Trabalhista (CLT) e conduzir
suas ações reivindicativas para o sistema da livre negociação com
os empresários, cuja força dependeria da sua capacidade de organização e de mobilização dos trabalhadores.
A matriz do interesse, além de moderna, seria libertária, vindo
a significar uma ruptura com uma cultura política que afirmaria
a primazia do Estado e dos seus fins políticos sobre a sociedade
civil. Essas afinidades no ponto de partida não resistiram à
exposição frente às circunstâncias da política. Nascidos no
mesmo solo, com vários pontos em comum, essas duas florações da socialdemocracia brasileira, partindo de São Paulo,
igualadas em força aí, mais do que aproximar as suas convergências, se entregam a uma dura luta por território. No plano
da disputa nacional, essa luta se tem caracterizado pelo esforço
desses partidos em arregimentar aliados que engrossem suas
hostes, desequilibrando a disputa em seu favor.
Assim, essas expressões do moderno na política brasileira, que
se têm encontrado em tantos pont