O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 106
(...) A despeito de os partidos governistas possuírem mais de
80% da representação da Câmara, o governo tem dificuldades
em promover e aprovar um (...) programa de reformas.
Nisso, vemos três ordens de fatores:
1) Oportunismo do governo, ao esquivar-se de patrocinar
qualquer reforma que ponha em risco a popularidade da presidente
e a ampla coalizão governista e, consequentemente, o projeto reeleitoral de 2014; 2) Base social e político-partidária heterogênea em
que é difícil negociar consenso, especialmente se se considerar que
o que os une não é uma adesão programática, mas fisiológica; 3)
Talvez buscando contornar tais características de sua base, o governo opte por evitar discussões no Congresso e lance mão de instrumentos impositivos, como o uso abusivo de MPs”. (25)
Seguidas vezes, durante várias eleições, José Dirceu, um dos
principais formuladores das políticas do PT, declarou publicamente que “o inimigo é o PSDB”. Mas o que tem levado o partido a
privilegiar alianças com partidos conservadores e fisiológicos em
detrimento de outros, como o PSDB, o PPS, a Rede e agora o PSB?
Talvez uma explicação possível seja a de que partidos fisiológicos
se submetem facilmente à hegemonia petista, enquanto os partidos mais programáticos exigem discussões de medidas e compartilhamento de poder.
Ao lotear o Estado com os partidos conservadores e oportunistas, o PT perpetua a existência dessas agremiações que precisam
da máquina pública para atender a sua clientela e, assim, se reproduzirem. Provoca situações esdrúxulas, como o apoio do presidente
Lula, em Alagoas, à eleição de Fernando Collor de Melo ao Senado,
ou a aliança com Paulo Maluf, nas eleições em São Paulo, que levantou grandes questionamentos à política petista de alianças:
A relação entre o PT e o PP de Paulo Maluf, em São Paulo,
tem causado polêmicas. A reação mais importante ao acordo foi da
deputada Luíza Erundina (PSB), que desistiu de compor a vice, na
chapa do petista Fernando Haddad, nas eleições de 2012.
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O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política