O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 70
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O QUEIJO DE COALHO EM PERNAMBUCO: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Nessa Região, as propriedades não
são tão grandes, visto que entre os anos
50 e 60 época, somente dois domínios
apresentavam-se acima de 2.000 hectares, e acima de 50 com mais de 1.000
hectares.
São chamadas de fazendas as terras
que se ocupam do gado e o termo sítio
indica o uso das propriedades para agricultura. Em Camocim de São Félix, por
exemplo, mesmo as propriedades cafeicultoras, que se estendem por mais de
200 hectares, são chamadas de sítios. No
entanto, o contrário acontece em Garanhuns, onde as grandes propriedades
cafeicultoras são chamadas de fazendas
de café.
As fazendas têm um vaqueiro para
administrar, ou mesmo são administradas por seus donos. Os pastos e o sistema pastoril ao serem acompanhados
trazem influências diferentes à criação e
produção. Muitas são as cercas de avelós
que na época se elevavam ao ponto de se
constituírem corredores de passagem.
As cercas de arame-farpado, que têm na
parte mais baixa, faixas de vara deitada,
são típicas em Jurema. O uso de macambira enfileirada era vista no entorno de
Ibirajuba, então pertencente a Altinho,
com a finalidade de dificultarem as fugas de bodes e carneiros, denominadas
de ‘miunças’. Nas áreas mais secas próximas ao Sertão, onde ocorre a exposição de grandes lajedos, como Jataúba e
Alagoinha, dominam as cercas de pedra,
ocorrendo, também, as de ramagens e
de varas.79
Esse quadro tem sido alterado em
alguns aspectos diferenciando-se em
áreas na atualidade pela presença de
desmatamento principalmente com diferentes ações predadoras pelos humanos e consequentemente somadas às
alterações climáticas que reforçam as
dificuldades ambientais. No entanto se
não há sombras dos avelós, ou das árvores surgiriam os abrigos cobertos que
tantas vezes encarecem a criação de animais, principalmente aos produtoresmenores. Nisto se apreende que maior
aplicação organizativa do produtor de
leite, quer seja com a utilização de tanques, silos e currais, adicionados aos
cuidados preventivos sobre parasitas,
doenças infecciosas dentre outras estendiam- se as perspectivas no sentido de
melhoria aos rebanhos nos municípios
de Surubim e São Bento do Una, o que
ocorreria posteriormente com outros
municípios agrestinos.
As pastagens artificiais e de cultura da palma seriam mantenedoras do
gado no verão, embora os fazendeiros
de municípios como Surubim e Vertentes teriam se habituado a alugarem os
cercados a proprietários da região da
Mata. Atualmente já não mais se aconselha essa prática a fim de evitar contaminações aos rebanhos, principalmente
desconhecidos, ou sim, quando forem
atendidas todas as exigências legais.
Segundo Andrade80, em alguns municípios também ocorrem a mudança de
rebanhos até para outros estados, haja
vista “Também em Altinho existem fazendeiros que, nos períodos mais secos,
retiram o gado para União dos Palmares, na região da Mata alagoana”.
Se assim ocorreram deslocamentos do gado na década de 50, provocado pela seca, foi bem mais grave nesses
Paisagem do Agreste de Pernambuco no
inverno