O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 68
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O QUEIJO DE COALHO EM PERNAMBUCO: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Nessa trilha, Garanhuns voltado ao
setor que lhe deu fama como sede de
produção leiteira no espaço do Agreste,
nessa mesma década, já estava segundo
Francisco Salles da Silva Mello73, citado
no Album Garanhuns, Anos 20:
[...] attento (sic) às suas condições
climáticas, abre vastíssimo campo à
pecuária. Todas as raças de gado,
vaccum, ovelhum, caprino etc, etc,
têm aqui extraordinário progresso
e dão surprehendentes (sic) resultados. Não fora a indiferença com
que vimos sendo tratados pelos nossos governantes, no que diz respeito
à pecuária, indiferença que nos tem
trazido sérios prejuízos, Garanhuns
seria hoje um dos maiores campos
de criação do Norte do Brasil. A
indiferença, porém, dos governos,
especialmente do governo federal,
tem feito que esmaieçam as iniciativas. Não há muito, os agricultores e
fazendeiros deste município enviaram ao ex-presidente da República.
Dr. Epitácio Pessoa, um abaixo assignado (sic), pedindo-lhe qualquer
auxílio, em nada sendo attendidos
(sic). Certo estamos, porém, de que
nenhum município de Pernambuco
e talvez do Norte, offerece (sic) aos
criadores as possibilidades e resultados offerecidos (sic) pelo de Garanhuns. Esperamos, pois, que o
novo Presidente da República tome
em consideração o pedido dos nossos
agricultores e fazendeiros, tão justo
quão necessário para o desenvolvimento e progresso da pecuária no
município de Garanhuns.
Outras fontes, como propagandas
dos anos 193074, citadas nos almanaques
de 1936 e de 1937, dirão que há uma
abundância de leite no município pernambucano:
Em Garanhuns... leite é de graça...
Fonte: Almanaque de Garanhuns-1937
3.3. O Agreste se fortalece: do Triângulo
Leiteiro à Bacia Leiteira
Na discussão que envolve o Agreste, com as suas diferentes dimensões, tem sido
atribuída uma visão mais dinâmica do seu conjunto, sem restringir-se somente a sua
fisiografia. O professor Tricart75, em trabalho na iniciação dos anos 1960, afirmou que:
Do litoral para o interior passa-se da mata (floresta) ao agreste, espécie de savana arbórea e, depois ao Sertão, que é, aqui, sinônimo de caatinga e que designa a mata xerófita
com cactáceas. Cada uma dessas zonas é caracterizada por seus climas, seus solo, suas
aptidões agrícolas e sua economia rural, parte de uma longa adaptação empírica. Os
restos da vegetação natural ou degradada são por demais frequentes para que qualquer
hesitação seja possível quanto à delimitação dessas regiões ao mesmo tempo naturais e
humanas.