O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 131
Agradecimentos
CONCLUSÃO
A elaboração deste livro constitui um
trabalho inovador e de qualidade, é
uma verdadeira pesquisa aplicada, respondendo a demanda dos produtores
locais e executada por uma equipe multidis ciplinar que soube somar as competências. Esse estudo conseguiu sintetizar
elementos históricos a partir de dados
bibliográficos, arquivos, magazines, fotos e memorias vivas, apresentando um
cruzamento entre conhecimentos históricos, tecnológicos e gastronômicos. Ela
traz assim elementos novos no plano
metodológico e resultados interessantes
que aperfeiçoam o conhecimento tanto
dos profissionais envolvidos na atividade leiteira como para o consumidor e o
publico em geral. Promovemos aqui um
livro que não é uma monografia a mais
no mercado bibliográfico, mas sim, uma
síntese original cheia de informações
sobre o queijo de coalho e a historia da
pecuária leiteira do Agreste de Pernambuco.
Através deste livro, mostramos que
a produção queijeira é ancestral; e que
de acordo com o meio natural presente,
aonde as condições de vida são as vezes
bastante rigorosas, os homens sempre
foram obrigados a adequar os seus sistemas de produção para aproveitar o
máximo das potencialidades dos seus
rebanhos. Assim a produção leiteira dos
rebanhos depende do período vegetati-
vo resultando numa produção de leite
em alguns casos sazonal, provocando a
necessidade de conservar esse leite para
se alimentar durante outros períodos
do ano. A fabricação queijeira apareceu
então como o meio de transformar um
produto perecível (leite), em um produto de longa duração, estocável e negociável: o queijo. Ao longo das regiões e
das épocas, várias tecnologias queijeiras
apareceram e evoluíram com as inovações tecnológicas, novas invenções ou
com intercâmbios entre habitantes de
outras regiões.
Em Pernambuco, encontramos vários escritos comprovando a presença
de gado e produção queijeira logo após
a colonização, entre outro, Gândavo em
1570 já cita a presença de bois e vacas
em todas as Capitanias; quando Nobrega relata a sua presença em 1551, mas
sem especificar o local; podendo este ser
em Pernambuco.
Vianna relata que o governador do
Brasil, Tomé de Souza, em 1549, conforme Regimento Geral tomou medidas
preliminares com a regularização das
concessões das sesmarias existentes, disciplinando-as na forma regimental e distribuindo outras terras pelo Recôncavo
e interior, incluindo as primeiras vastidõ es de terras concedidas a seu ‘filho de
criação’, Garcia D`Ávila. Ao mesmo tempo, este se tornaria poderoso latifundi-
ário, um dos mais prósperos criadores
de gado do Brasil, com fazendas espalhadas na região que corresponderia a
grandes áreas da atual região Nordeste,
ocupando terras sertanejas e agrestinas,
também de Pernambuco.
Gabriel Soares de Sousa em 1587,
afirma que o gado chegado a Pernambuco provinha das ilhas de Cabo Verde,
com o intuito de multiplicar o rebanho e
encaminhá-lo para outras áreas.
É em 1581, através dos Anais Pernambucanos de Pereira da Costa analisando a obra do Inglês Southey sobre o
estado de adiantamento da colônia pernambucana, que aparece a primeira citação de fabricação de queijo na colônia
pernambucana. Essa citação é também a
primeira conhecida no Brasil até hoje.
Por sua vez, Manoel Correia de Andrade (1961), argumenta sobre as áreas
ocupadas nos tempos da colonização,
quando nos meados do século XVII, na
abrangência da sesmaria de Ororubá, na
então capitania de Pernambuco, já existiam solicitações de sesmeiros, em função de quem fosse tratar do gado, a fim
de que as terras a serem doadas fossem
situadas nas áreas serranas, providas de
águas com solos férteis na perspectiva
de precisarem de gêneros alimentícios
e autoabastecimento. Ele ainda informa que o gado introduzido na Bahia e
em Pernambuco, no século XVI, tinha
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