O quadro e a menina | Page 3

homem mau, muito mau?” “Não”, respondeu o artista, “Ele era um homem muito bom”. Isso foi tudo o que ela aprendeu naquele dia, mas o suficiente para aumentar um pouquinho o seu conhecimento a respeito da cena terrível que se passava naquela tela. Um certo dia, ao ver que ela estava realmente muito curiosa para saber mais sobre o seu trabalho, Stenburg disse: “Ouça, eu vou te dizer apenas uma vez. Depois disso, não quero mais saber de perguntas”. Ele contou-lhe a história da Cruz - uma história completamente nova para Pepita, mas tão antiga para o artista que já havia deixado de comovê-lo. Ele era capaz de retratar a agonia da morte sem que isso sequer abalasse seus nervos. Já ela, agora, não. O mero pensamento foi capaz de fazer doer o coração da pequena Pepita. Não demorou muito para que seus olhos se enchessem de lágrimas, a ponto de ela não conseguir controlar suas emoções. Na última visita de Pepita ao estúdio, ela ficou parada diante da grande pintura, como se estivesse odiando a ideia de ter que abandoná-la. “Venha aqui”, disse o artista, “aqui está o seu dinheiro e um pedaço de ouro”. “Obrigada, senhor”, ela respondeu. E então, virando-se em direção ao quadro pela última vez, disse: “Você deve amar muito Ele por tudo o que Ele fez por você”. Stenburg ficou sem palavras. Com o coração triste, Pepita voltou para o seu povo. Suas palavras, no entanto, permaneceram com Stenburg, como uma flecha fincada no peito. O Espírito de Deus enviou as palavras da menininha direto para o coração do artista. Ele simplesmente não conseguia esquecê-las. “Tudo o que Ele fez por você”, continuava a sussurrar em seus ouvidos. Seu comportamento mudou. Ele ficou inquieto e triste. Ele sabia que não amava Aquele que foi crucificado. Passado algum tempo após esse dia, Stenburg se deu conta de que ele era um pecador, e que foi por amor aos pecadores