Estima-se atualmente que todos os habitantes terrestres precisem de “apenas” 8 mil km3 de água anualmente.
Segundo os cálculos da ONU, cada pessoa necessita de 5 litros diários de água para sobreviver num clima moderado, e no mínimo 50 litros por dia para beber, cozinhar, tomar banho e usar em higiene. O consumo doméstico representa 10% do volume da água usada pelo homem. A indústria utiliza o dobro disso, e a agricultura, sete vezes mais.
Por que razão se continua a desperdiçar água a este ritmo?
As razões são variadas, mas as principais são as seguintes:
1.Países ricos em petróleo no Golfo Pérsico possuem fábricas de dessalinização, enquanto os palestinianos sofrem com a água escassa. O sul rico da Califórnia e a meca do jogo, Las Vegas, estão em áreas desérticas, mas ostentam inúmeras piscinas e fontes. Enquanto a população de Amã sofre com o racionamento de água, os turistas hospedados nos principais hotéis da cidade não têm restrição alguma de consumo.
2.a opinião da maioria das pessoas de que a água é um “bem comum”, que não pertence a ninguém em especial. Um agricultor não tem remorsos de desviar parte do fluxo do rio próximo para irrigar sua plantação, porque não vai pagar nada ou muito pouco por isso. A mesma crença está por trás de gestos como lavar a estrada com mangueira ou deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes. O baixo custo do serviço incentiva o desperdício e desestimula os investimentos na área.
3.os subsídios dos países ricos a seus agricultores, cuja produção de grãos, assim impulsionada, origina estoques gigantescos a preços mais baixos.
4.a desproporção entre o que é extraído e o volume de reposição disponível, sobretudo a partir do século passado. A falta de atenção a esse detalhe já custou, por exemplo, a saúde do Mar de Aral, na Ásia Central, que começou a secar nos anos 1930 com o desvio das águas de seus afluentes para irrigar plantações de algodão.