O lugar da Memória em Bento Rodrigues – Mariana / MG O lugar da memória em Bento Rodrigues | Page 28

MEMORIAL E MUSEU TERRITÓRIO: PROJETO, DADOS TÉCNICOS E DIRETRIZES 4.1- Em busca do conceito e do partido: alguns caminhos projetuais. Para o início do processo projetual do memorial e museu de território para Bento Rodrigues, buscou-se analisar o território como um todo, demarcando os pontos afetivos da comunidade e definindo que as passarelas seriam sobre as antigas ruas do subdistrito, buscando recuperar a morfologia urbana preexistente e os eixos de deslocamento realizados em Bento Rodrigues. Concomitantemente, a escolha do terreno para a implantação do Centro de Memória foi feita, calcando-se nas possibilidades de acesso, áreas livres e que tivessem a infraestrutura necessária assegurada. Após estudos, referências e análises, ficou claro que era necessário o desenvolvimento de uma praça para oferecer à comunidade o espaço de convívio, celebrações e reuniões que haviam perdido. Figuras 72-74: Croquis para os circuitos no território. Elaboração da autora. CONCEITO: Materializar toda a carga emocional do território e transmitir aos visitantes, de forma visual, sensorial e psicológica, mensagens de rememoração do desastre, estimulando um sentimento de superação e simultaneamente de preservação do lugar e da memória coletiva local. Também se pretende fazer um tributo às vítimas por meio do conteúdo psicológico do projeto estimulando experiências subjetivas. Através do impacto visual, se busca instigar a reflexão, produzindo um ambiente de inquietação, ilustrando o processo de transformação de um local antes tranquilo, arrasado pela onda de lama. A perda material contrastada com a perpetuação dos significados, a dimensão das perdas humanas, materiais e imateriais, expressão de dor das vítimas e ausência devem se fazer sentir no projeto, que busca além de tudo, propagar um espírito de continuidade, valorização da identidade e cultura local, resgate da memória e esperança para os ex-habitantes de Bento, na sua reconstrução como comunidade. Busca-se comunicar os danos ambientais e sociais, a destruição do patrimônio cultural material (como artigos de valor histórico perdidos) e imaterial (rotinas, dinâmicas, cultura, tradições, trabalho, estilo de vida, relação das pessoas com o espaço, saberes tradicionais, etc...), reforçar os impactos mais abrangentes, além dos locais, como nos rios, fauna, flora e cidades que foram afetadas por meio dos rios atingidos e desenvolvimento cultural e socioeconômico da comunidade. Como um registro físico capaz de difundir informação e contribuir para a valorização da memória, o projeto vem a suprir uma demanda local de manifestação de luto como enfrentamento do desastre, essencial para que não caia no esquecimento. PARTIDO: Visando traduzir espacialmente este conceito, o projeto será composto por três elementos principais: uma praça a fim de devolver à comunidade um espaço de convívio, que contará com equipamentos para usufruto dos moradores, além de um Centro de Memória, voltado tanto aos moradores quanto ao público geral e os circuitos pelo território voltado à experime