O lugar da Memória em Bento Rodrigues – Mariana / MG O lugar da memória em Bento Rodrigues | Page 20
BENTO RODRIGUES
– MG: ORIGENS,
TRAGÉDIA E LUGAR
DA MEMÓRIA
2.4. O desastre-crime 2.4.2. O desastre
2.4.1. A Bacia do Rio Doce O maior desastre ambiental do Brasil ocorreu em novembro de 2015,
quando o cotidiano de Bento Rodrigues foi atravessado pelo
rompimento da barragem de resíduos da exploração de minério de
ferro do Fundão, localizada a cinco quilômetros do subdistrito, e
consequente transbordamento da barragem de Santarém (a três
quilômetros do subdistrito). Ressalta-se que outro importante impacto
deste desastre foi o comprometimento da estrutura da barragem de
Germano, no Complexo Minerário de Germano, operado pela empresa
Samarco Mineração S.A. – empresa de capital fechado que atua no
segmento de mineração na região e cujas acionistas são a Vale S.A. e
BHP Billiton Brasil Ltda.
A Bacia do rio Doce, situada na região sudeste do Brasil, abrange 222
municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. Suas nascentes se localizam
em Minas Gerais e seus cursos d’água percorrem 853 km até a cidade de
Regência, no Espírito Santo, onde atingem o Oceano Atlântico.
Em 2015, com o desastre do rompimento da barragem em Mariana, 62
milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração foram lançados
no rio Doce, percorrendo centenas de quilômetros até chegar ao litoral,
provocando enormes danos aos ecossistemas da bacia do rio Doce.
Figura
46:
Localização
das
Barragens
em
Mariana.
Fonte:
www.especiais.g1.globo.com/minas-gerais/2015/antes-depois-barragens-em-mariana/
Figura 44: O caminho da lama na Bacia do Rio Doce. Fonte: WANDERLEY, L. J.; MANSUR, M.
S.; MILANEZ, B.; PINTO, R. G. Desastre da Samarco/Vale/BHP no Vale do Rio Doce: aspectos
econômicos, políticos e sócio ambientais. Ciência e Cultura. vol.68, n.3. pp. 30-3. 2016
Figura 45: Os
cursos
d’água em
Bento
Rodrigues.
Fonte:
Elaboração
da autora
com base
cartográfica
do Google
Earth.
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De acordo com informações divulgadas pela imprensa e relatos de
atingidos, um enorme volume de rejeitos foi liberado pelo rompimento e
a enxurrada de lama desceu o vale numa velocidade muito grande,
atingindo primeiramente a vila de Bento Rodrigues e formando uma
espécie de redemoinho dentro do vale, que acabou destruindo muitas
edificações. Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo, Gesteira, Barra Longa
e mais cinco comunidades no distrito de Camargo, foram afetadas
pelo rompimento. Residências, redes de infraestrutura, igrejas, escola,
comércios, áreas de pastagem e mata foram destruídos, incluindo
áreas de proteção permanente e unidades de conservação. O
subdistrito de Bento Rodrigues foi completamente devastado, gerando-
se prejuízos sociais, ambientais e econômicos difíceis de mensurar, além
das perdas animais e humanas.
Figura 47: Os cursos
d’água em Bento
Rodrigues. Fonte:
Elaboração da
autora com base
cartográfica do
Google Earth.