Esse era o caminho que lhe apontava a experiência das econo-
mias capitalistas maduras para combinar crescimento e distri-
buição de renda. Ele também propunha ações para impulsionar o
desenvolvimento tecnológico das indústrias (“e para seu financia-
mento a juros aproximados das taxas internacionais”). Manter e
aumentar a competitividade das exportações não significava a
volta do protecionismo. Esperava que as medidas permitissem,
por um lado, novos ganhos de produtividade às empresas e, por
outro lado, aumentassem a eficiência sistêmica da economia,
reduzindo o chamado “custo Brasil”. Fernando Henrique se refe-
ria a variadas providências que iam desde a eliminação de impos-
tos sobre as exportações até a melhoria das estradas e dos portos
cujo mau uso encarecia a produção nacional.
A terceira diretriz do discurso de 1994 redefinia a questão da
relação entre o Estado e o mercado buscando que o eixo do novo
ciclo econômico passasse da atividade produtora do setor estatal
para o setor privado. O Estado tinha presença-chave no desenvol-
vimento, desempenhando função regulatória, não no sentido de
espalhar regras e favores a “torto e a direito”, como ele dizia, mas
de criar um marco institucional que assegurasse “plena eficácia ao
sistema de preços relativos”, incentivando os investimentos priva-
dos na atividade produtiva. O princípio geral da regulação visava à
eficiência do mercado, oferecendo à indústria brasileira condições
semelhantes às dos concorrentes externos. Fernando Henrique
tocava num outro tema arraigado na cultura empresarial brasi-
leira, inclusive na própria atividade política, quando mencionava a
necessidade de se desmontar as antigas regulamentações que
davam proteção cartorial a determinados setores. Ele sublinhava
que o objetivo da ação reguladora se centrava na reafirmação da
vocação industrial da economia brasileira e de sua base tecnoló-
gica, sendo imprescindível não perder de vista a meta de conferir-
lhe dinamismo e competitividade no tempo da globalização.
A quarta diretriz das reformas propostas objetivava dar susten-
tabilidade ao processo de desenvolvimento, constituindo uma
moderna infraestrutura econômica e social por meio de novas
formas de parceria entre o Estado, a empresa e a comunidade.
O presidente eleito fazia referência a medidas destinadas aos seto-
res de energia, transportes e telecomunicações; e ao chamado
(“impropriamente”) “capital humano”. Em relação à primeira
infraestrutura, dizia ser fundamental ampliar o conceito de priva-
tização com vistas a aumentar a eficiência geral da economia desde
Desenvolvimento e democracia no discurso de FHC
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