deixou de iluminar o futuro, como amargamente agora constata-
mos, em que pesem os sucessos acumulados no curso do nosso
longo processo de modernização.
Processos de modernização pelo alto, em suas variantes bran-
das, como os que ocorreram nos governos de JK, FHC e Lula, ou
duras, incidentes no Estado Novo de 1937 e no recente regime
militar, têm a característica comum de serem, mais ou menos,
segundo os casos, refratários à auto-organização da vida social.
Nosso sindicalismo, mais forte presença entre nós de vida asso-
ciativa dos setores subalternos, que nasceu nos primeiros anos
da República animado pelos princípios da autonomia, foi, como
notório, incorporado à malha estatal pela chamada Revolução de
30, que, de fato, veio a estabelecer na política brasileira a modela-
gem típica dos processos de modernização autoritária.
A derrota dessa experiência, inesperada da forma como ocor-
reu – um impeachment encaminhado por um parlamentar a quem
faltava densidade política contrariado em seus interesses, fundado
em razões técnicas ininteligíveis para o homem comum –, deixou
atrás de si um imenso vazio.
Sem as escoras do nosso passado, que cederam pela ação
corrosiva de um novo espírito do tempo, marchamos nas trevas.
A hora da sucessão é mais que propícia para a descoberta de
novas luzes que tenham sua fonte de energia na sociedade civil,
aliás, já identificadas nas jornadas de junho de 2013.
A sucessão e o novo espírito do tempo
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