que necessita, por isso mesmo, das práticas e dos valores que a
esquerda democrática cultua.
A construção dessa plataforma requer habilidades artesanais
raras, foco no fundamental, respeito à diversidade, tolerância e
sabedoria política para administrar interesses e modular o tempo.
Necessita de lideranças, mas não de um líder todo-poderoso.
Precisa contar com o desprendimento dos partidos, especialmente
dos maiores, que costumam olhar as eleições como uma “oportuni-
dade de negócios”, não como uma oportunidade política, organiza-
cional. Nessa toada, movidos por suas lógicas internas, os partidos
complicam a gestação de uma unidade que seria vantajosa para o
país. Por isso, será preciso haver engajamento e pressão cívica,
social, algo que, de resto, também precisa ser construído.
Um ataque bem concatenado terá de ser desferido contra os
males e as inconsistências que afetam o país e bloqueiam seu
futuro. Este deveria ser o objetivo principal dos democratas brasi-
leiros. Se conseguirem reduzir a competição interna que os tem
prejudicado e, por extensão, prejudicado a sociedade, poderão ser
o aríete que derrubará as muralhas que nos atrasam e nos sepa-
ram de um futuro melhor. O “centro democrático” não cairá do
céu. Depende de muito empenho e determinação. Mas precisa
ser martelado desde logo, para ter chances de produzir a indis-
pensável convicção política e social.
O centro, a esquerda democrática e o novo como fetiche
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