O imprevisível 2018 PD49 | Page 242

tação nacional , entre outras . Somente de meados dos anos 1970 em diante é que viriam a exercer influência e obter repercussão , tendo sido incorporadas na análise de intelectuais com concepções diversas , cada qual à sua maneira , como Fernando Henrique Cardoso , Francisco Weffort , Oliveiros Ferreira , Luiz Werneck Vianna e muitos outros ; nesses anos , Gramsci passou a exercer mesmo um certo fascínio em muitos setores da intelectualidade – infelizmente , esse boom gramsciano foi passageiro .
A obra de Gramsci , aqui republicada depois de 1999 , com nova tradução , em dez volumes – meticulosamente preparada por Carlos Nelson Coutinho , Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira –, foi acrescida de notas e de textos não publicados anteriormente , além de apresentar novo ordenamento , tendo como referência a edição crítica italiana de 1975 , realizada por Valentino Guerratana .
Pode-se dizer , sem exagero , que Gramsci é , reconhecidamente , um dos mais importantes teóricos da política – um clássico – no século 20 e início do 21 . Sua obra excede , em muito , o momento histórico em que foi produzida e insiste em conservar-se admiravelmente contemporânea . A História parece ter-lhe dado razão quando , em 1927 – em carta a Tatiana Schucht , expondo as intenções ainda preliminares do que seriam os Cadernos – anteviu que precisava fazer algo für ewig ( para sempre ).
240 José Antonio Segatto