Uma busca de alternativa
à ortodoxia soviética
Sobre as traduções de Gramsci no Brasil
Gesualdo Maffia entrevista Luiz Sérgio Henriques 2
Como se tornou tradutor e, em particular, tradutor de Gramsci?
Língua, política e forte interesse pela Itália, pelas “ideias italia-
nas” do eurocomunismo, andaram de mãos dadas. Interesse pela
literatura, pelo cinema e, naturalmente, pelo PCI de Berlinguer.
Num primeiro momento, nos anos 1970, Gramsci, Togliatti, Amen-
dola, Ingrao ou Berlinguer apareciam num só bloco. A apreensão
deste conjunto, ou a apreensão destas personalidades como um
conjunto homogêneo, tinha um elemento evidentemente ideológico
(no sentido negativo). Não conseguia ver as articulações, as cesu-
ras, os momentos de corte. O PCI me parecia o partido comunista
com mais inteligência estratégica, capaz de atrair grandes intelec-
tuais, como Argan, Visconti, Pasolini e tantos outros, o que, eviden-
temente, era verdade: enfim, um comunismo diferente! Nest